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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

DISCERNIMENTO 3ª Parte


"Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim". Atos 17.11  

Ao estudarmos sobre discernimento é importante que se diga que encontramos no Novo Testamento a expressão "discernimento de espíritos" apenas uma vez na lista de dons em 1 Coríntios 12:10, como um dom espiritual. Seria muito importante que tivéssemos na igreja várias pessoas com esse dom; com certeza muitos enganos seriam evitados, mas nem todos os crentes o possuem. No entanto, todos devem buscar o discernimento no cuidado de examinar ideias, comportamentos e doutrinas. E como isso acontece? Pelo estudo sistemático e contínuo da Palavra de Deus e amadurecimento na fé. É justamente esta a ênfase em Hebreus 5.13,14 diz "Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal."
Como já venho dizendo em outras ocasiões, muitos crentes preferem acreditar em uma revelação extra-bíblica, geralmente entregue por um profeta ou profetiza do que conhecer a vontade de Deus que o Senhor já revelou na bíblia; por isso precisamos conhecer mais a Palavra de Deus e os critérios que ela estabelece para distinguir a verdadeira profecia de uma falsa.
Em primeiro lugar, ela nunca contraditará a Palavra de Deus escrita. Lembro-me de um irmão de uma das igrejas que pastoreei que estava passando uma crise em seu casamento. Ele foi a uma reunião dessas onde se revela "tudo" e ouviu o "assim diz o Senhor" por meio de uma profetisa falando a ele para abandonar a esposa, porque o "Senhor" estava preparando algo melhor para ele. Não preciso nem dizer que a tal profetisa já estava de olho nele. Ao me procurar com esta história, logo disse a ele que Deus não se contradiz em sua Palavra e que era necessário ele se arrepender e lutar pela restauração de seu casamento. "Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus". Mateus 22.29  
Em segundo lugar, ela sempre exaltará a Jesus Cristo. Sempre desconfie quando uma palavra vem para exaltar o homem e não a Cristo. Esse tipo de profecia é muito comum no meio evangélico. Certamente você já ouviu: "Deus vai te dar uma GRANDE igreja para pastorear." ou " Deus vai fazer de você uma GRANDE missionária." Quando Deus fala, não é para exaltação do profeta, glórias para o ser humano, ou porque fulano é um ungido de fogo, vaso de azeite, etc. "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo". Gálatas 6.14  
Em terceiro lugar, ela jamais trará confusão, medo ou aflição. Quando Deus fala., não deixa dúvidas, nem gera medo ou insegurança. Não é esta a função de uma revelação de Deus. Existe muitas confusões para quem ainda consulta certos “profetas” quanto a viagens, mudanças, casamentos, sexo do bebê, etc. Muitos crentes ainda não entenderam que há diferença entre os profetas (e os seus modos de profetizar) dos tempos do Novo e o do Antigo Testamentos. Hoje, não há mais a necessidade de se consultar profetas, como ocorria antigamente (1 Rs 22.15-28; Jr 37.16,17), pois temos a Bíblia completa (Sl 119.105; Rm 15.4; 2 Tm 3.16,17). Ademais, em nossos dias, o Espírito Santo fala como e quando quer, e não quando queremos que Ele fale (1 Co 12.11). "Porque Deus não é de confusão, e sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos" 1 Coríntios14.33  
Concluindo esta pastoral é importante lembrarmos que a profecia sempre terá por finalidade edificar, consolar e exortar. “Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação” – I Cor 14:3.Segundo a Palavra de Deus, a profecia tem três objetivos: EDIFICAR, EXORTAR e CONSOLAR. Vejamos o significado destes verbos: edificar: construir, levantar, fundar, instituir, criar. Exortar: animar, encorajar, estimular. Consolar: aliviar ou suavizar a aflição, o sofrimento, o padecimento de... O que passar disso é mera manipulação.

Pr. Gilberto O. Rehder


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

DISCERNIMENTO - 2ª PARTE


"Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal." Hebreus 5.14  

Na pastoral passada escrevi sobre a necessidade de termos o discernimento espiritual para julgarmos a procedência e o conteúdo de "profecias" ou supostas "revelações" tão comuns no meio evangélico hoje, especialmente nas igrejas onde se busca com liberdade a obra do Espírito Santo. Conheço alguns "profetas" que acham que possuem uma blindagem especial de Deus e que jamais podem ser questionados por ninguém. Muitos irmãos por não conhecerem as Escrituras acabam submetendo suas vidas a estes profetas por medo de estarem desobedecendo a Deus em vez de viverem sob a verdadeira direção do Espírito; são facilmente manipulados.
Segundo a Palavra de Deus, não devemos desprezar profecias, porém, cabe a nós provar, examinar se tudo provém do Senhor (At 17.11; 1 Ts 5.21; Hb 13.9). Em 1 Coríntios 14.29 está escrito: "E falem dois ou três profetas, e os outros julguem".
Tudo deve ser julgado segundo a reta justiça (Jo 7.24), e não pela aparência, por preconceito ou mágoa de alguém. Jesus condenou o julgamento no sentido de caluniar, assumindo-se o papel de um injusto juiz: "Não julgueis, para que não sejais julgados" (Mt 7.1). Entretanto, no mesmo capítulo, Ele asseverou que temos de nos acautelar dos falsos profetas e apresentou critérios pelos quais podemos julgá-los pelos seus frutos, isto é, discernir as suas ações, prová-las, examiná-las (Mt 7.15-23).
O nosso julgamento se dá pela Palavra de Deus (At 17.11; Hb 5.12-14), haja vista estar ela acima de mim, de você, de qualquer instituição, de cantores, de pregadores, de profetas, de anjos do céu (Gl 1.8), etc.
A verdade é que até mesmo autênticos profetas de Deus são passíveis de erro, assim como mestres, pastores e etc... Uma profecia ou "revelação" pode ser entregue simplesmente para agradar a pessoa que a recebeu; neste caso, não é Deus que está falando, mas é a projeção do desejo do coração de tal profeta ou profetiza. Conheci uma irmã querida que recebeu uma palavra de uma profetiza de que o Senhor daria a ela uma casa. Tal irmã estava para ser despejada de seu imóvel por falta de pagamento, mas ela descansou firmada na palavra de tal profeta e nada fez para correr atrás do prejuízo; resultado: ela foi despejada com sua família e teve a sua fé duramente abalada. Só então ela questionou a tal "revelação", e o pior é que a tal profetiza ainda culpou aquela irmã dizendo que a tal profecia não se cumpriu por falta de fé daquela irmã. Fica o alerta da Palavra do Senhor: "Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele". Deuteronômio 18.22
Se você quer que Deus fale contigo, leia a sua bíblia e saiba que o Senhor falará diretamente ao seu coração. Não devemos jamais correr atrás de profetas, pois correr atrás deles significa idolatrar homens e não confiar em Deus. Na próxima pastoral falarei sobre os critérios para uma verdadeira profecia. Em Cristo e Por Cristo!

Pr. Gilberto Oliveira Rehder

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

DISCERNIMENTO


“Tiveram visões falsas e adivinhação mentirosa os que dizem: O SENHOR disse; quando o SENHOR os não enviou; e esperam o cumprimento da palavra”.Ezequiel 13:6

Há alguns anos atrás pastoreando a nossa querida Igreja Metodista em Assis-SP, vivemos um período ali de avivamento, onde a Igreja experimentou também o fluir dos dons espirituais. Por diversas vezes o Senhor me usou para trazer uma palavra específica às pessoas ali para edificar, exortar e consolar. Lembro-me de uma manhã de oração e jejum onde entrou em nossa igreja uma jovem visitante. Logo o Senhor me usou para falar com ela e livrá-la de um suicídio. Naquela reunião a conduzimos a Cristo e em alguns meses depois ela foi discipulada e batizada em nossa igreja. Essa entre tantas, foi uma experiência que marcou muito o meu ministério. No entanto, já vi muitas pessoas trazendo para a igreja “profecias mirabolantes” sem fundamento bíblico e o que é pior levando alguns crentes a se decepcionarem com a igreja e até mesmo com Deus; são casamentos arranjados por “revelação” que depois acabam em divórcio; conheço também, pessoas que não dão nenhum passo na vida sem consultar um(a) profeta de plantão... O apóstolo Paulo sempre cuidadoso com a obra de Deus chegou a alertar a Igreja de Corinto sobre a necessidade de que não se fizesse confusão com relação aos dons espirituais, e assim ele escreveu: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. 1 Coríntios 12:1.  A preocupação do apóstolo era para que os cristãos não caíssem no erro de usarem e abusarem dos dons e assim se esquecerem da educação na Palavra. Além disso, era necessário que toda profecia fosse julgada, ou discernida por outros profetas para evitar confusão na igreja. (veja 1 Cor. 14:29-33)

A palavra discernimento é derivada de um termo grego que significa “julgamento completo”. Conceitualmente, é a capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo aos crentes com o objetivo de habilitá-los a identificar a procedência das operações espirituais. Em outras palavras, o Espírito Santo dá a capacidade de distinguir os espíritos de modo que possamos reconhecer se uma manifestação veio da parte dele, ou se de um espírito de demônios, ou se é da carne.
Dentre os enganos sobre as manifestações espirituais é acreditar que Deus entrega mensagens proféticas em todas as reuniões. Quando isso acontece, acabam por forçar uma situação, ou até manipulando pessoas em nome de Deus. No Antigo Testamento isso também acontecia. Por isso Ezequiel já alertava o povo naqueles dias: “Não tivestes visões falsas e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O SENHOR diz, sendo que eu tal não falei? Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Como falais falsidade e tendes visões mentirosas, por isso, eu sou contra vós outros, diz o SENHOR Deus.” Ezequiel 13:7,8
Temos também uma advertência em 1 João 4:1, dizendo: "Amados, não creias a todo espírito, mas, provai se os espíritos são de Deus; porque muitos falsos profetas já se têm levantado no mundo”; vale ressaltar que esses falsos profetas são mais procurados do que o verdadeiro Profeta, o expositor da Palavra de Deus.
Louvo a Deus por que faço parte de uma igreja que não descarta a contemporaneidade dos dons hoje, mas que preza pelo equilíbrio e, sobretudo pela revelação da Palavra de Deus; a Bíblia sagrada.

Pr. Gilberto Oliveira Rehder

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL E A PARÁBOLA DO PEIXE E A MINHOCA


"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca". Mateus 26.41

Conta-se a história de um peixe que nadava sossegado no fundo do rio. Qual não foi a sua surpresa quando uma minhoca muito atraente apareceu de repente à sua frente.
- "Minhocas não nadam" pensou ele.
Atraído pelo movimento da minhoca o peixe resolveu abocanhá-la. E num pulo só, ,vapt, a minhoca estava na sua boca.
- "Ui! O que é isto?" pensou o peixe ao sentir alguma coisa espetar a sua boca. Qual não foi a sua surpresa ao descobrir um anzol fisgando sua boca. Desesperado, o peixe falou:
- "Como pode uma minhoca tão gostosa vir acompanhada por um anzol!!"
Moral da história:
O peixe abocanhou a minhoca apetitosa mas descobriu que estava com a boca cheia de morte! 
Assim é a situação daqueles que no desejo de satisfazerem os seus desejos carnais, acabam se tornando presas fáceis do diabo; principalmente nestes dias de carnaval.
As tentações são assim; o diabo mostra a isca, "geralmente atraente e apetitosa", mas não mostra o anzol. Após este período de festa, os jornais nos dão as notas dos mesmos acontecimentos a anos: mortes por overdose, pessoas atropeladas por bêbados, acidentes graves de carro, adolescentes e jovens que ficaram grávidas, casamentos destruídos, etc.
A sociedade em geral assimilou que a alegria deve vir regada de muitas bebidas, drogas e sexo. E é neste período que muitos adolescentes iniciam nas drogas, pelo estado de euforia bem como a facilidade de adquiri-las.
Nós enquanto Igreja de Cristo e de tradição metodista, não podemos ficar indiferentes e  omissos quanto a estes acontecimentos. Temos que clamar ao Senhor, mas também nos posicionar com mais firmeza contra tudo o que destrói a vida e a dignidade do ser humano. Confesso que fico incomodado quando vejo "alguns crentes" defendendo o uso da bebida alcoólica ainda que seja "com moderação"; me incomoda também esta tendência da igreja moderna de aceitar em nome da inclusão o pecado e a libertinagem em seu meio. Estão transformando o evangelho, em vez do evangelho transformar e reescrevendo a própria bíblia para acolher os pecadores sem a necessidade do arrependimento. A impressão que eu tenho é que o diabo tornou suas "iscas" cada vez mais atraentes a fim de fisgar os desatentos.
Devemos instruir nossas crianças, adolescentes e jovens no caminho do Senhor. Nele há verdadeira alegria. É como diz o Salmo 16.11 "Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente".
A alegria do mundo é passageira e traz feridas na alma, mas a alegria que vem de Deus é eterna e traz refrigério, descanso e paz!

Pr. Gilberto Oliveira Rehder