TEXTO:
João 12.24-27
24 Em verdade, em
verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só;
mas, se morrer, produz muito fruto.
25 Quem ama a sua vida
perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida
eterna.
26 Se alguém me serve,
siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me
servir, o Pai o honrará.
27 Agora, está
angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas
precisamente com este propósito vim para esta hora.
INTRODUÇÃO:
O grão de trigo ilustra um dos princípios mais
fundamentais do Novo Testamento: A VIDA QUE NASCE DA MORTE.
Em
primeiro lugar neste texto Jesus está se referindo à sua própria morte! O
versículo 27 nos mostra isto claramente. Jesus veio a este mundo com este propósito:
Dar a sua própria vida para que nós pudéssemos ter vida eterna!
Isaías 53:11 nos
mostra claramente que Jesus cumpriu o seu propósito e nós somos o fruto de sua
própria morte.
“Ele
verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o
Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades
deles levará sobre si”.
Todavia,
este texto também se aplica a nós como discípulos de Jesus, embora com uma
visão diferente. Jesus morreu pelos nossos pecados, mas nós devemos também
morrer, não pelos nossos pecados, mas, para os nossos pecados!
Amados
é preciso morrer para si. Se o grão de trigo não morrer, ele fica só, ou seja,
ele não dá fruto. O Senhor deseja que possamos dar frutos, não somente frutos ,
mas “bons frutos”.
É
preciso morrer para gerar, germinar e dar fruto. É preciso fazer morrer a casca
da semente, que muitas vezes está cheia da nossa carnalidade, os cuidados deste
mundo e religiosidade.
Essa
foi a mensagem que fez a Igreja primitiva passar quase trezentos anos de
perseguição.
Foi
por que a Igreja Primitiva compreendeu o caminho mostrado por Jesus.
A
Igreja primitiva floresceu sobre o sangue dos mártires. Independentemente do que quer que se
levantassem contra eles, eles olhavam para a cruz e prosseguiam.
Mas,
parece que a cruz perdeu sua força na mensagem cristã.
Em
313, pelo edito de Milão, Constantino oficializou o cristianismo como religião
oficial do Império. Os cristianismo foi institucionalizado e como fruto disso,
apareceram os desvios doutrinários e muitos cristãos nominais.
Hoje
não tem sido tão diferente daqueles dias. Por isso. precisamos retornar ao
cristianismo da cruz.
Então,
nesta Páscoa, eu quero falar a respeito da cruz e do modo como precisamos
compreendê-la:
I – PRECISAMOS COMPREENDER QUE A CRUZ É UM PROJETO QUE
SOMENTE PODE NASCER NO CÉU. (1 Pedro 1:18-20)
18 sabendo que não foi
mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do
vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
19 mas pelo precioso
sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com
efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por
amor de vós.
Antes
mesmo da fundação do mundo o sacrifício de Jesus foi conhecido e só manifestado há dois mil anos, quando João
Batista declarou que ele era o Cordeiro de Deus. Sua morte ocorreu exatamente
quando os evangelhos a descrevem, não antes e nem depois.
A
cruz, como mero castigo, nasceu no coração humano, mas como redenção, nasceu no coração de Deus.
A
cruz, como forma de entrega voluntária, jamais nasceria do coração humano.
Qual o homem, não
fosse pelo poder de Deus, aceitaria voluntariamente ser crucificado?
Por isso, precisamos
compreender que ninguém vive a proposta da cruz pelo esforço próprio.
Na
sua carne, Jesus também não queria: “Agora, está angustiada a minha alma, e
que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim
para esta hora”. (Jo. 12:27)
Mas,
por que a cruz foi concebida no céu, Jesus foi até o fim, até render o
espírito.
*Somente o Espírito Santo pode nos sustentar no caminho
da cruz.
Por
isso, a conversão é obra do Espírito Santo, por que se for uma mera
decisão humana, ela irá passar ao largo da cruz. (João 16:8)
Não
há conversão sem a compreensão da mensagem da cruz!
II – PRECISAMOS COMPREENDER QUE A CRUZ É A ÚNICA FORMA
DE REVERTER AS CONSEQUENCIAS DA QUEDA.
A cruz era o tipo de morte mais cruel que poderia
ser impingida a um criminoso. Pois foi essa morte que Deus escolheu para expiar
completamente os nossos pecados e rever todo esse processo de morte que nos
envolve.
(Colossenses 2:14,15)
14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava
de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o
na cruz;
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz.
*Jesus derrotou o pecado em todas as suas
dimensões e com todas as suas consequências.
A
cruz é a antítese da queda, pois tudo aquilo que o homem quis agarrar
ilicitamente no Jardim do Éden, Jesus possuía e o entregou voluntariamente no
Calvário.
O
Diabo incitou o homem com a proposta de que ele se tornaria semelhante a Deus,
entretanto, Jesus estava nessa condição e abriu mão voluntariamente! (Fp.
2:5-11)
Jesus abriu mão sua identidade: Ele não se agarrou, nem no céu,
nem na terra. Ele suportou as maiores ofensas.
Nas suas emoções: Nós nos melindramos por qualquer motivo. Jesus, não se
importou em ser envergonhado, escarnecido, cuspido. Ele foi para a cruz como
ovelha muda. (Is. 53:7)
No seu corpo físico: Sua vida esvaiu completamente. Não sobrou absolutamente
nada das suas forças. Não foi uma morte repentina não! Foi uma martírio lento,
onde toda a sua força foi sugada, gota a gota, até o fim.
No seu espírito: Ele teve que aguentar sozinho. Até o Pai voltou seu
rosto para Ele. (Mt. 27:46)
Por isso o Diabo fez
tudo o que pôde para impedir que Jesus fosse à cruz.
E, ele fará tudo para
impedir que eu e você vivamos a mensagem da cruz.
Devemos
olhar a nossa vida da perspectiva que ela já não nos pertence mais e que
devemos glorificar a Deus com ela, em todas as dimensões do nosso ser.
(1 Co. 6:20) “Porque
fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”.
Como vou glorificar a
Deus buscando sempre a minha vontade; querendo sempre me defender? Querendo
sempre fazer valer os meus direitos?
Isso não é cruz! Isso
é o nosso ego!
É
a cruz que vai inverter todos os efeitos da queda na nossa vida, em todo o
nosso ser: No corpo, na alma e no espírito.
A cruz precisa matar
concretamente nossa natureza pecaminosa.
(Colossenses 3:5,6)
5 Fazei, pois, morrer
a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo
maligno e a avareza, que é idolatria;
6 por estas coisas é
que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].
A
cruz nos ensina a sofrer, a renunciar nossa própria vontade para herdar algo
maior no futuro. E isso é o cristianismo!
III– PRECISAMOS COMPREENDER QUE A CRUZ É A ESSÊNCIDA DA
CONDUTA CRISTÃ.
A
cruz de Cristo é o nosso acesso ao Reino de Deus, mas o Evangelho nos diz algo
mais. Jesus nos pede que também assumamos a cruz:
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer
vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24)
**Paulo tinha esse princípio muito claro:
“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus.
Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus,
que me amou e a si mesmo se entregou por mim”. (Gálatas 2:19-20)
-Duas coisas decorrem dessa condição:
***1º) A nossa segurança: Se fomos para a cruz, nada mais
pode nos atingir realmente:
(Rm.
8:31-19)
31 Que diremos, pois,
à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não
poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não
nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
33 Quem intentará
acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará?
É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita
de Deus e também intercede por nós.
35 Quem nos separará
do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou
nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito:
Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como
ovelhas para o matadouro.
37 Em todas estas
coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem
certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a
profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
2º) O comprometimento: Aqui entra o princípio do grão de
trigo.
Nós nascemos para glorificar a Deus e não conseguiremos
fazer isso, enquanto vivermos para nós mesmos.
2 Cor 5:15 “E ele morreu por todos, para que os que vivem não
vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.
*A cruz é sempre sinônimo de morte. Jesus falou do grão de trigo ao
referir-se à cruz. E, quando Ele diz que nós devemos tomar a nossa cruz, isso
implica que precisamos morrer para nós mesmos.
Hoje
está sendo pregado outro Evangelho: O Evangelho da coroa no lugar da cruz.
Nós queremos a coroa, mas a cruz precede a glória. A coroa não é para
este mundo, e sim para o Céu!
Tiago 1:12 =
“Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque,
depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu
aos que o amam.”
Enquanto não nos entregamos completamente, ficamos
sempre lutando com nossos desejos, com nossas frustrações, com nossas
amarguras, com nossos complexos, traumas.
*A
vida se torna pesada demais para quem não se entregou. É por isso que Jesus
disse:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” ( MT. 11:28)
A
palavra “todos”, significa todos. Por isso:
CONCLUSÃO:
A CRUZ É UM CAMINHO POSSÍVEL PARA TODOS NÓS! A Bíblia é uma só. Não existe uma
Bíblia para crianças, outra para jovens, outra para adultos, outra para velhos.
A Bíblia é um livro de princípios, não somente de
regras.
**Todos
nós em todas as idades, podemos viver o princípio da cruz, o princípio do
grão de trigo.
(1)
UMA CRIANÇA: Ensinada desde cedo a renunciar os próprios caprichos, as suas
birras para obedecer a Deus. É assim que ela vai começar a produzir frutos
ainda muito cedo;
(2)
UM JOVEM: Aprender a tomar decisões com base na vontade de Deus e aprender a
renunciar os seus desejos, para obedecer a Deus;
(3)
UM ADULTO: Dedicar tempo para Deus. Um adulto precisa compreender que Deus precisa
dele no tempo mais importante da sua vida. É o auge do seu potencial. Hoje não
conseguimos mais fazer líderes, por que todo o mundo está correndo atrás dos
próprios interesses.
(4)UM
IDOSO: Precisa continuar produzindo frutos, ainda na velhice. Precisa terminar
bem. (Salmo 92:12-15)
Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja
Metodista Catalão
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