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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

DEUS PAI- UM EXEMPLO DE PATERNIDADE



Lucas 15.11-32
11 Continuou: Certo homem tinha dois filhos;
12 o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.
13 Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.
14 Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade.
15 Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.
16 Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.
17 Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!
18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.
20 E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.
21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
22 O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;
23 trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,
24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.
25 Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
26 Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo.
27 E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde.
28 Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo.
29 Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;
30 vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado.
31 Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.
32 Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado

Introdução: Uma das mais sublimes mensagens da Bíblia diz respeito à paternidade de Deus.

Os povos falavam de Deus como o Deus dos Patriarcas (Deus de Isaque, Jacó, Abraão) , o Criador, o Sustentador, o Juiz, o Senhor dos Exércitos e outros títulos semelhantes a esses.

Tais revelações de Deus gerava no ser humano temor, respeito, submissão, reverência, mas não criava proximidade e comunhão entre a criatura e o Criador.

Na verdade, poucas pessoas tinham um relacionamento de comunhão com Deus.

A experiência do pecado com suas consequências levou a humanidade a sentir-se tão separada de Deus e tão indigna, que a ideia daquela intimidade e comunhão original que havia entre o ser humano e Deus no Éden, deixou de existir.

Quando Israel recebeu os 10 mandamentos em Êxodo capítulo 20 versículo 19, expressou um sentimento que existe em alguns filhos com seus pais. Um sentimento de puro medo.

Êxodo 20:19 “Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos”.

A história Bíblica revela que Deus vai se revelando de forma progressiva como Alguém que é mais que um ser supremo e poderoso! E nessa revelação vamos encontrando a Paternidade de Deus!

Há alguns lampejos desta revelação no Antigo Testamento. Um deles se encontra em Oséias 11:1-4

Oséias 11:1-4;
1 Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho.
2 Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença; sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura.
3 Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços, mas não atinaram que eu os curava.
4 Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer.

Na bíblia N.T.L.H nos diz:
1 A respeito do povo de Israel, o Senhor Deus diz: “Quando Israel era criança, eu já o amava e chamei o meu filho, que estava na terra do Egito.
2 Porém, quanto mais eu o chamava, mais ele se afastava de mim.O meu povo ofereceu sacrifícios ao deus Baal e queimou incenso em honra dos ídolos.
3 Mas fui eu que ensinei o meu povo a andar; eu os segurei nos meus braços, porém eles não sabiam que era eu que cuidava deles.
4 Com laços de amor e de carinho, eu os trouxe para perto de mim; eu os segurei nos braços como quem pega uma criança no colo. Eu me inclinei e lhes dei de comer.”

Nenhum capítulo do Antigo Testamento demonstra de tal forma o amor sofrido de Deus por Seu povo. Deus é apresentado aqui como um Pai amoroso, que cuida de seus filhos, e os ensina a caminhar com todo carinho. Esse pai amoroso, segura seus filhos em seus braços e lhes dá de comer... Que imagem linda de Deus!

Mas o ponto mais alto dessa revelação foi mostrado por Jesus quando nos ensinou a oração do Pai Nosso. (Mt 9) e também aqui nesta parábola do Filho Pródigo que bem poderia ser chamada de A Parábola do Pai Amoroso.


É por isso que Lucas capítulo 15 é tão importante para a nossa reflexão hoje:

O pai de Lucas 15 é geralmente lido como um pai no modelo de Deus, como sabiamente orienta o teólogo Karl Barth em A analogia da fé.

Neste texto vamos aprender que o modelo de paternidade não pode ser humano, mas divino.

Aqui veremos as características de Deus como um Pai amoroso que devem estar presente também em nós como Pais.

1. DEUS É UM PAI QUE RESPEITA AS DECISÕES DE SEUS FILHOS

11 Continuou: Certo homem tinha dois filhos;
12 o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.
13 Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.

Como pais, devemos ensinar os nossos filhos nos caminho do Senhor. Devemos também alertá-los sobre os perigos de uma escolha errada e fazer o possível para que eles acertem nas suas decisões. E devemos fazer isto principalmente quando são crianças! Isso tem a ver com todas as áreas da nossa vida!

Porém chegará o tempo em que os filhos irão tomar suas próprias decisões. E muitas delas serão erradas como aconteceu com este filho.

O rapaz não conversou com o pai antes de tomar a decisão. Não pediu conselhos. Já chegou contando o que ia fazer. Foi o que ocorreu nesta parábola!

Quando o moço recebeu a sua parte, pegou o dinheiro e foi-se embora... O texto relata que o pai presenciou tudo, mas não disse uma palavra. E não disse nada, porque nada do que dissesse iria convencê-lo.

Pense em como este Pai deve ter ficado triste! O fato do filho mais novo pedir a herança com o pai ainda vivo é uma forma de desejar a morte do pai. Mesmo assim o pai graciosamente dividiu com os dois filhos a herança.

Em nenhum momento ele se importou por ter partido o coração do seu pai. Em hora alguma ele se preocupou com o pai, mas apenas consigo mesmo.

A primeira pergunta que chega é: Quem era esse pai? Pelo início do relato podemos observar que se tratava de um homem muito rico, homem de posses e que tinha vários servos trabalhando para ele.

Ele deixou o filho ir embora não porque era um Pai irresponsável. Por certo ele não queria que o filho estivesse com ele por imposição, mas por amor!

O Pai da parábola permitiu ao filho escolher, e aquele filho precisava aprender algumas lições que só a vida poderia ensinar, e muitas vezes de forma cruel.

Esta atitude de deixar o filho escolher é muito difícil para os pais, principalmente porque há caminhos que podem levar os nossos filhos à morte.

No entanto devemos confiar que se a nossa influência em suas vidas foi positiva e marcante eles retornarão para os caminhos do Senhor!

2- DEUS É UM PAI QUE TEM UMA BONDADE INIGUALÁVEL.
A extensão do caráter deste pai começa a refletir e a impactar o filho rebelde, quando ele destrói tudo que possuía e vai trabalhar de empregado cuidando dos porcos.

Vivendo uma experiência que jamais imaginaria passar, longe de tudo e de todos, começou a passar por necessidades. E com muita fome ele cai em si e lembra do seu velho pai como um homem de grande bondade!

17 Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!
18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.

Perceba que ele não lembra de seu pai como patrão e senhor.

A primeira grande lembrança que lhe chega do pai era de que era um homem de bom coração, tão bom, que seus servos tinham fartura de pão.

Aquele Pai não era ranzinza e nem mesquinho. O filho sabia que ele travava os seus empregados com respeito, bondade e dignidade!  

Eu pessoalmente creio que na memória deste filho estava também os momentos de afetividade com o seu pai...

A lembrança da bondade de seu Pai o fez refletir e querer voltar! Aleluia!

Romanos 2:4 nos diz que é a “Bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento”

Romanos 2:4 - KJA - King James Atualizada
“Ou, porventura, desprezas a imensa riqueza da bondade, tolerância e paciência, não percebendo que é a própria misericórdia de Deus que te conduz ao arrependimento?”

DEUS É BOM O TEMPO TODO, O TEMPO TODO DEUS É BOM!

“Deem graças ao Senhor, porque ele é bom. O seu amor dura para sempre.” Salmo 136:1

3- DEUS É UM PAI QUE ESPRESSA UM AMOR INCONDICIONAL.

20 E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.

Aquela cena chocante contrariava todas as tradições do patriarcado. O filho que antecipasse a sua herança deveria ser tratado com desprezo.
Provérbios 20:21  “A posse antecipada de uma herança no fim não será abençoada”

Para voltar à casa do pai, ele precisava passar pela sua aldeia. E se voltasse, teria que mendigar. É muito provável que a comunidade estava muito aborrecida com este jovem. Ele era considerado morto e toda a aldeia da família também trataria o filho com severidade.

O pródigo seria escarnecido por uma multidão a hora que ficassem sabendo que o filho voltou.

Porém, o Pai revela amor e sua disposição em até mesmo contrariar as leis e costumes daquele tempo, recebendo de volta um filho gastador. 

Este texto é bem interessante porque não temos a mãe na história! Então me perguntei; Porque Jesus não incluiu uma mãe nesta história?

- A resposta mais obvia é porque aquela sociedade era patriarcal. Mas me surgiu um outro pensamento em minha mente.

Talvez Jesus tenha omitido a mãe nesta história para mostrar a nós pais (HOMENS) que podemos também expressar a afetividade aos nossos filhos.

É muito comum as mães expressar o amor aos seus filhos, mas não é muito comum os pais fazerem isso, principalmente em nossa sociedade machista.

Jesus estava neste texto quebrando vários paradigmas tanto culturais como comportamentais. O Pai demonstra um amor incondicional! Esse é o amor de Deus!

Como ele faz isso?   

Primeiro ele corre. (Quantos de nós ficaríamos imóveis, de braços cruzados, um olhar sério, exigindo que um filho deste chegasse até nós). O pai corre.

Segundo, o pai dá um beijo, mas vejamos aonde ele beija. Dá um beijo no rosto e assim impede que o filho se curve devidamente para beijar a mão ou o pé do pai, o que seria apropriado da sua parte. O pai não deixa o filho se humilhar. Dá um beijo no rosto. Para um pai oriental, um beijo no rosto é sinal de perdão e é um sinal público. A palavra usada para “beijar”, neste caso, significa “beijar repetidamente”.

Finalmente, O amor do pai era um amor incondicional, sem lembrança de maldade, afetivo, carinhoso, humilde e perdoador.

Nada de palavras tipo, “eu te avisei”, “tú foste burro mesmo”, “espero que tenha aprendido a sua lição”. Nada disto.

Nem sequer esperou o filho falar. O pai deu um beijo no rosto, coisa gostosa até os dias de hoje.

Pais, às vezes não há o que falar para seu filho. Não o humilhe. Deem o belo beijo no rosto e espera em Deus por cura divina.

22 O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;
23 trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,
24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.

4. DEUS É UM PAI CONCILIADOR.

À partir do versículo 25 entra em cena o filho mais velho. Neste texto vemos que o mesmo Pai que saiu para abraçar o filho pródigo arrependido, sai para conciliar este filho revoltado.

O filho mais velho voltou do seu trabalho no campo, onde servia fielmente seu pai, ouviu a festança e ficou sabendo do motivo. Ele fica então furioso e ressentido e se recusa a participar das festividades.

O filho mais velho irrita-se com a misericórdia e a bondade do Pai. Ele não se alegra com a restauração do seu irmão caído e ainda justifica a sua atitude dizendo:

“Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado” (15:29-30).

Note o desdém na voz do irmão mais velho. Ele nem mesmo se referiu ao que retornou como seu irmão. Ele disse: “Esse teu filho”. Na verdade ele estava seguindo a tradição das famílias na época.

Ele também era um grande hipócrita, pois havia também recebido a herança antecipada de seu pai. O fato de ter dito que “nunca transgrediu uma ordem do pai” mostra também uma grande arrogância. Será que nunca transgrediu mesmo?

Como este pai agiu diante da revolta do filho mais velho?

1- Ele permite a seu filho de falar: pois havia sentimentos negativos na alma do rapaz que precisavam ser confessados e colocados para fora. Ele revelou o que havia no seu coração: inveja, egoísmo e ciúmes. Esta é uma atitude terapêutica que devemos permitir em nosso lar.

2- Ele dá uma resposta positiva e libertadora: “Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, ( lembra-lhe sua filiação)  tu sempre estás comigo; ( lembra-lhe a sua amizade, comunhão e companhia) tudo o que é meu é teu ( Lembra-lhe a herança) . Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.” (Lembra-lhe que a festa tem um motivo especial para estar acontecendo)

CONCLUSÃO:  A paternidade de Deus nos traz segurança. Jesus se referia ao Pai com muita ternura: “Eu e o Pai somos um” (João 10.30).  A paternidade de Deus foi perdida no Éden, mas reconquistada na cruz e na ressurreição pela Pessoa de Jesus Cristo.

Como Pai, Deus tomou a iniciativa de aproximar-se dos seus filhos. O evangelho de João no capítulo 1:11,12 diz: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome.” 

Você pode imaginar o que aconteceria nos lares onde se os pais oferecessem esse tipo de amor aos filhos?

Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista Catalão-GO

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