segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

NA ESCOLA DO DISCIPULADO


TEXTO: Lucas 9:49-56

43 E todos ficaram maravilhados ante a majestade de Deus. Como todos se maravilhassem de quanto Jesus fazia, disse aos seus discípulos:
44 Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras: o Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
45 Eles, porém, não entendiam isto, e foi-lhes encoberto para que o não compreendessem; e temiam interrogá-lo a este respeito.
46 Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.
47 Mas Jesus, sabendo o que se lhes passava no coração, tomou uma criança, colocou-a junto a si
48 e lhes disse: Quem receber esta criança em meu nome a mim me recebe; e quem receber a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é que é grande.
49 Falou João e disse: Mestre, vimos certo homem que, em teu nome, expelia demônios e lho proibimos, porque não segue conosco.
50 Mas Jesus lhe disse: Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós.
51 E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém
52 e enviou mensageiros que o antecedessem. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada.
53 Mas não o receberam, porque o aspecto dele era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém.
54 Vendo isto, os discípulos Tiago e João perguntaram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?
55 Jesus, porém, voltando-se os repreendeu [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois].
56 [Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.] E seguiram para outra aldeia.

Introdução: Eu quero compartilhar contigo uma palavra que tem como objetivo motivá-lo a ir além de ser alguém que frequenta uma igreja e que possui algumas atitudes de religiosidade e moralidade.

Para isso é importante que você saiba que por onde Jesus passou se relacionou com três tipos de pessoas: (1) a multidão, (2) os seguidores ocasionais e (3) os discípulos.

Hoje não é diferente, pois nos relacionamos com Deus de uma das três maneiras.

(1) Alguns são como a multidão. A multidão é sempre atraída por milagres e sinais. Em João 6.2 a bíblia diz: “Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos”.
A multidão está sempre buscando a benção, mas nunca o abençoador. O que define o comportamento da multidão é a busca de solução para suas próprias necessidades. Só se buscava Jesus quando havia uma necessidade imediata. Assim, o nível de compromisso com Jesus era mínimo e a  decisão de estar com Ele era provisória.

(2) Outros são como um seguidor ocasional- Os seguidores ocasionais eram aqueles que o procuravam para serem aconselhadas. Contudo estes iam com Jesus até certo ponto. Principalmente quando Jesus não exigia desses uma renúncia ou entrega radical. Nós temos alguns exemplos.

O primeiro é Nicodemos em João 3. Ele não era propriamente da multidão, pois tinha um relacionamento mais próximo com Jesus. Todavia, não se obrigava a obedecer a Palavra que Ele lhe dava. O fato de ele ir procurar Jesus à noite mostra que ele tinha vergonha de sua fé e estava preocupado com a opinião dos outros ao seu respeito.

O segundo exemplo de seguidor ocasional é o jovem rico que não conseguiu abrir mão de suas riquezas para seguir a Jesus de perto.

(3) E alguns são discípulos- O contrário da multidão e do seguidor esporádico, o discípulo é aquele que segue a Jesus de perto e tem um compromisso com o seu Projeto. O Projeto de Jesus é que você esteja matriculado na Escola do Discipulado com a disposição de aprender a Ser e a Fazer discípulos de Jesus.

Por isso estar matriculado na Escola do Discipulado é um compromisso radical e permanente. Porque na medida em que aprendemos de Jesus a nossa vida é transformada e nos tornamos um canal de transformação também.

Voltando ao nosso texto....

O cap. 9 de Lucas nos ensina sobre a vida e a conduta dos discípulos.  Quando lemos todo este capítulo temos a impressão de que os discípulos estavam em uma escola, cuja sua estrutura não era de uma sala de aula comum.

Na verdade enquanto Jesus caminhava e fazia as obras de Deus, os ensinava a fazer o mesmo que ele fazia. Logo nos versículos 1 e 2 Lucas registra:

1 “Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas”.
2 “Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos”.

Aqui nós temos também os seus altos e baixos dos discípulos. Os momentos de triunfos e também de derrotas. Jesus ensinou durante todo este capítulo o que é ser um verdadeiro discípulo.

O contexto deste texto: Jesus havia expulsado um demônio de um menino que os seus discípulos não conseguiram expulsar.

42 “Quando se ia aproximando, o demônio o atirou no chão e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai”.
É nesta altura em que lemos este relato de libertação. E é também neste momento que Jesus corrige alguns erros de seus discípulos. Alguns equívocos que os discípulos estavam cometendo.

Por isso nesta noite, nós vamos aprender sobre os 4 equívocos dos discípulos corrigindo também a nossa postura como seguidores de Jesus.

1º EQUIVOCO DA IDENTIDADE. (vs. 43-45)
43 E todos ficaram maravilhados ante a majestade de Deus. Como todos se maravilhassem de quanto Jesus fazia, disse aos seus discípulos:
44 Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras: o Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
45 Eles, porém, não entendiam isto, e foi-lhes encoberto para que o não compreendessem; e temiam interrogá-lo a este respeito.

O texto nos diz amados, que todos ficaram maravilhados diante daquilo que Jesus fazia! Os seus olhos ficaram voltados para os seus milagres, às suas curas e libertações.

Havia no coração dos discípulos de Jesus seria aquele messias poderoso que tomaria o poder dos Romanos e estabeleceria um Reino de Justiça, porém humano.

Mas Jesus diz no verso 44Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras: o Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens”.

Jesus estava falando do que lhe iria acontecer no caminho para a cruz, porém eles não o compreenderam!

Eles estavam ouvindo, mas não compreendido!

45 “Eles, porém, não entendiam isto, e foi-lhes encoberto para que o não compreendessem; e temiam interrogá-lo a este respeito”.

Jesus então chama a atenção de seus discípulos sobre a sua verdadeira identidade!

O que ele veio fazer? Qual a sua missão?

“o Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens”.

Ele ensina aos seus discípulos que o seu destino e a sua missão não era o trono dos homens, não era ser um curandeiro ou profeta com sinais miraculosos, mas sim, ser o salvador da humanidade através de seu sacrifício na cruz!

Essa era a missão de Jesus! Ser o nosso Salvador! Somente alguém sem pecado, sem mancha, sem imperfeições poderia se sacrificar em lugar dos pecadores e dar-lhes salvação. Por isso, Jesus é o Salvador daqueles que creem Nele. Foi o que o evangelista Lucas registra quando do nascimento de Jesus: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lucas 2.11).

Quem é Jesus Cristo para você?

Existem muitos pensamentos por esse mundo afora a respeito de quem é Jesus Cristo. Muitos dizem que Ele foi um profeta de Deus, ou seja, um porta-voz da mensagem do Senhor aos homens; outros dizem que Ele foi um revolucionário, por causa de Sua mensagem bem diferente dos discursos da época; e ainda temos os que dizem que Ele foi apenas alguém que buscou mudar Sua sociedade, mas falhou, pois foi crucificado.

“Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mateus 16. 13)

A resposta das pessoas é bem parecida com o tipo de resposta que vemos hoje em dia sobre quem é Jesus Cristo:

“E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.” (Mateus 16.14). Ou seja, as pessoas estavam confusas sobre quem Ele era.

Jesus, então, questiona Seus discípulos a respeito de quem eles falavam que ele era. A resposta de Pedro nos dá o caminho para respondermos quem é Jesus Cristo, pois o próprio Jesus diz que a resposta de Pedro era verdadeira e vinha de Deus:

“Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 16. 16-17).

Na escola do discipulado aprendemos sobre a verdadeira identidade de Jesus. Quem ele é e qual é a Sua Missão!

2º EQUIVOCO DA SUPERIORIDADE. (46-48)
46 Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.
47 Mas Jesus, sabendo o que se lhes passava no coração, tomou uma criança, colocou-a junto a si
48 e lhes disse: Quem receber esta criança em meu nome a mim me recebe; e quem receber a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é que é grande.

É bem interessante este texto porque ele nos mostra como os discípulos estavam tão distantes daquilo que Jesus estava lhes ensinado. Na verdade eles tinham um forte sentimento de superioridade.

Enquanto Jesus falava de morte, de cruz, eles pensavam em cargos, em liderança, em poder, em prestigio.

46 “Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior”

Jesus então colocou uma criança junto a si e diz: “Quem receber esta criança em meu nome a mim me recebe; e quem receber a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é que é grande”.

Porque uma criança? Porque uma criança é símbolo de humildade e simplicidade.

Sua maneira de ser fala claramente sobre isto. Uma criança nunca procura ser maior, ou melhor, mas ser o que é: criança.

Um discípulo de Jesus deve ser marcado por essa qualidade que é tão recomendada pela Bíblia Sagrada.

Humildade é uma virtude com que manifestamos o sentimento da nossa fraqueza ou de nosso pouco ou nenhum mérito, e que faz parte de uma personalidade cristã sólida.

Ela deve manifesta-se de maneira voluntária e constante em nossas atitudes, mantendo-nos numa posição de menor: “... cada um considere os outros superiores a si mesmo”, Fp 2:3

A verdadeira grandeza do discípulo está na sua humildade. A ser como uma criança! A ser servo.

“Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos”. Marcos 9:35

“Na Escola do Discipulado aprendemos que servir com humildade é o nosso estilo de liderança”

3º EQUIVOCO DA EXCLUSIVIDADE. (vs. 49-50)
49 Falou João e disse: Mestre, vimos certo homem que, em teu nome, expelia demônios e lho proibimos, porque não segue conosco.
50 Mas Jesus lhe disse: Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós.

Havia no coração dos discípulos um forte exclusivismo religioso herdado pela religião judaica.

Esta atitude era tão forte no coração dos discípulos que eles queriam proibir um homem que em Nome de Jesus expulsava demônios.

Jesus então diz: “Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós”.

O exclusivismo religioso afirma que apenas uma religião pode ser verdadeira, e todas as outras opostas à única religião verdadeira devem ser falsas [2]

Este sentimento de se achar os únicos que tem o direito de agir. É isso que caracteriza uma seita. Deus não está limitado a nós!

As seitas são exclusivistas, Jesus é o caminho, mas elas são o atalho e ensinam que são os únicos detentores da verdade.

Muitos pregam que somente os membros do seu grupo religioso poderão alcançar a salvação.

As seitas ensinam que não há salvação fora da sua comunidade, do seu sistema religioso, ou de seu batismo. Dizem serem os únicos certos.

Enquanto que a Bíblia diz que a salvação é para todos que se arrependerem dos seus pecados, e recebem a Jesus pela Fé.

Aqui na Igreja Metodista aprendemos que o único que tem poder de salvar é Jesus Cristo e que nós somos falhos, imperfeitos servindo a um Deus Perfeito!

“Na Escola do Discipulado aprendemos que a Salvação não se restringe ao nosso gueto religioso.”


4º EQUIVOCO DA INTOLERÂNCIA. (vs. 51-56).
51 E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém
52 e enviou mensageiros que o antecedessem. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada.
53 Mas não o receberam, porque o aspecto dele era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém.
54 Vendo isto, os discípulos Tiago e João perguntaram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?
55 Jesus, porém, voltando-se os repreendeu [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois].
56 [Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.] E seguiram para outra aldeia.

A intolerância está relacionada ao extremismo, fanatismo, absolutismo, inclemência, inflexibilidade, discriminação, perseguição e violência.

Ela está presente em todas as camadas sociais, inclusive, todos nós somos vítimas ou fazemos algumas vitimas também. O que é muito triste!

No contexto desta passagem, Jesus estava na Galileia, região onde ele passou boa parte do seu ministério. Nos diz o texto que ao se completarem os dias em que ele deveria ser assunto aos céus (referindo-se à sua morte, ressurreição e assunção) Jesus decide ir para Jerusalém.

Em outras palavras Jesus decide ir para a cruz! Ele havia discernido que aquele era o tempo determinado por Deus para que concluísse a sua missão.

Mas para ir a Jerusalém, Jesus teve que andar por um caminho que não era o mais perto ou o mais fácil. Podemos chamar este caminho de o Caminho da Cruz!

O CAMINHO DA CRUZ É O NOSSO CAMINHO TAMBÉM! É por esse caminho que nós como discípulos de Jesus somos também desafiados a andar!

Perceba que neste mesmo capítulo (Lucas 9:23) Jesus diz a seus discípulos:

23 “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me”.

E no caminho para a cruz Jesus ensina o seus discípulos a lidar com a intolerância dos Samaritanos.

É preciso entender que havia um antigo conflito entre os judeus e os samaritanos.

a- Os samaritanos eram um povo considerado impuro para os Judeus (principalmente de Jerusalém), pois eram fruto de um casamento misto entre assírios e judeus.

Os judeus os odiavam por isso, e se sentiam traídos pelos Samaritanos.

b- Por outro lado os Samaritanos também odiavam os Judeus por tamanha rejeição dizendo que eles é que foram infiéis a Deus abandonado a lei de Moisés.

Dá para imaginar como era o sentimento entre esses dois povos?

Jesus então manda aos discípulos que fossem na frente. Certamente Jesus queria lhes ensinar mais uma lição. “Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada”.

53 “Mas não o receberam, porque o aspecto dele era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém”.

Mais os Samaritanos foram intolerantes com Jesus e seus discípulos. E nem o recebem!

Por sua vez Tiago e João queriam dar resposta a esta intolerância com intolerância!

Ao verem isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: ‘Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?’

Eu fico imaginando: De onde os discípulos tiraram esta ideia de que eles poderiam fazer cair fogo dos céus para destruí-los?

Tiago e João expressam o que muitos de nós já sentimos.

Nós vamos encontrar pessoas nesta vida que não querem saber de Jesus e nem tão pouco de nós.

Ou, vamos encontrar pessoas com costumes ou tradições espirituais diferentes e que não simpatizam com a nossa fé!

Mas nós vamos aprender que o verdadeiro discípulo de Jesus não responde a intolerância com intolerância!

Não vencemos o mal com o mal, mas vencemos o mal com o bem!

Nós como discípulos devemos aprender que nossa ira não vai produzir a justiça de Deus.

Porque esse é o tempo da misericórdia de Deus, é o tempo da graça.

“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para conosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pedro 3.9).

Ezequiel 18: 23 e 32 “Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? – diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei”.

Mas Jesus, voltando-se, os repreendeu, dizendo:Vocês não sabem de que espécie de espírito são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los’; e foram para outro povoado” (Lc 9:51-56).

Tiago 2:13 “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo”.

“Na escola do Discipulado aprendemos as atitudes e linguagem da Graça e da Misericórdia de Deus”.

CONCLUSÃO:

Diante daquilo que foi exposto devemos à semelhança dos discípulos também nos corrigir. Precisamos sujeitar a nossa caminhada no discipulado àquilo que Jesus tem nos ensinado. Este é um grande desafio para mim e para você também que quer fazer ou faz parte da Escola do Discipulado!

Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista Catalão-GO.


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