segunda-feira, 22 de outubro de 2018

É TEMPO DE VOLTAR AO PRIMEIRO AMOR 1ª Parte

Apoc. 2:1-5
1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.

Introdução: Eu quero compartilhar contigo uma palavra que tem me confrontado nestes dias. A Palavra que Jesus deu à igreja em Éfeso tem me confrontado profundamente. Trata-se do abandono do primeiro amor.

Nestes dias estávamos em nosso acampamento quando a irmã Rose me perguntou: “Pastor, você está triste com alguma coisa?” “Eu estava bem triste sim, mas respondi a ela que não estava triste, que eu estava era bem cansado.” 

Mas eu estava triste! Triste comigo mesmo!  Triste por não conseguir sentir a presença de Deus naquele lugar!

- Eu via os juvenis e jovens se derramando na presença de Deus, mas eu não conseguia...
- Eu via Deus fazendo uma obra maravilhosa em nosso meio, mas eu não conseguia me alegrar com isso!
- Eu estava absorvido pelos meus problemas, pelas minhas angústias e pelo meu egoísmo! Por isso eu não conseguia me alegrar!

O problema não era as pessoas ou o lugar, o problema era eu. Estava dentro de mim...

Foi aí que o Espírito Santo começou a trabalhar em meu coração me fazendo perceber que eu precisava voltar ao primeiro amor!

Uma coisa que precisamos aprender é que embora sejamos discípulos acima de qualquer suspeita como eram os crentes de Éfeso, não significa que aos olhos de Deus estejamos bem!

Percebemos no texto que Jesus os elogia por algumas virtudes espirituais que possuíam:

2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.

Este texto nos mostra pelo menos três virtudes:

a) Eles tinham boas obras – A igreja de Éfeso era ativa, ocupada no serviço de Deus e favor das pessoas.
b) Eles tinham perseverança–A Igreja em Éfeso tinha sido pressionada pela perseguição de homens maus e também pelos apóstatas que tentavam confundi-los, mas eles não se deixaram esmorecer! 
c) Eles tinham firmeza doutrinária- No vs. 6 diz: “Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio”.

Segundo alguns comentaristas, os Nicolaístas eram pessoas que  levavam um estilo de vida imoral e corrupto. Elas tentam se infiltrar entre os cristãos com o objetivo de perverter a verdade do Evangelho, mas a igreja em Éfeso tinha tanta firmeza doutrinária que não se deixaram levar pelos ventos de doutrina.

No entanto, apesar destas virtudes eles haviam abandonando o seu primeiro amor.

4 “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor”.

Nesta noite eu gostaria de expor a vocês três perguntas que servirão de base para a nossa reflexão.  O que é o Primeiro Amor? , O que acontece quando abandonamos este primeiro amor? Porque perdemos o primeiro amor?

1- O QUE É ESSE PRIMEIRO AMOR?

Há três definições de primeiro amor que desejo compartilhar com vocês:

1.1- Por muitos anos eu pensei e preguei que o primeiro amor é o nome que damos ao nosso encontro com Cristo e início da caminhada com Ele.

Normalmente, esse início de relacionamento com Jesus é marcado por um entusiasmo e ânimo muito grandes, que impulsiona o nosso coração na direção da vontade de Deus.

É comum, diante do entusiasmo dos novos convertidos, ouvirmos frases de irmãos mais velhos de igreja como: “logo esse entusiasmo irá acabar!”, “daqui a pouco ele cai na realidade!”

Que o nosso amor pelo Senhor não seja como uma neblina!

Oséias 6:4 “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa”.


2.2 – O primeiro amor é um fogo de grande intensidade em nosso íntimo, que coloca Jesus acima de todas as demais coisas! (Luciano Subirá)

Isto foi bem exemplificado numa parábola de Cristo:

“O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.” (Mateus 13.44)

O Senhor está falando de alguém que, além de transbordar de alegria por ter encontrado o Reino de Deus, ainda se dispõe a abrir mão de tudo o que tem para desfrutar do seu achado. Estas duas características são evidentes na vida de quem teve um encontro real com Jesus.

2.3- Mas nestes dias eu aprendi que voltar ao primeiro amor não significa tão somente voltar ao entusiasmo inicial de nossa caminhada com Jesus. Não é uma empolgação!

A palavra grega para “primeiro” é “protos”, se referindo à importância qualitativa e não cronológica.

Assim, o “primeiro” significa o “melhor” amor. É dar a Jesus em sua vida um “lugar de honra”, é deixar “que Ele assuma o lugar principal”.

Que Jesus ocupe o primeiro lugar em nossas vidas, que Ele ocupe a posição de principal, a posição de prioridade em nós!

Exemplo: Quando um marido passa a colocar os esportes, a televisão ou seu hobby à frente de sua esposa com o passar dos anos (mesmo que lhe seja fiel, que ainda goste muito dela, que não consiga mais imaginar sua vida sem ela e que ela continue cuidando dele o tempo todo), então ele abandonou o seu primeiro amor em relação a ela.

Quando a nossa paixão e a devoção a Jesus diminuem, o primeiro amor por Ele já foi abandonado.

O Senhor encontrou muitas coisas boas entre os cristãos da igreja em Éfeso (cf. Ap 2.2-3), mas Ele em si não era mais o Melhor e Primeiro entre eles.

Alguém disse, com muita propriedade: “O maior inimigo do melhor é o bom”.

2- O QUE ACONTECE QUANDO ABANDONAMOS O PRIMEIRO AMOR?

Antes de respondermos a esta pergunta precisamos entender que a palavra “abandonar” “aphiemi” no grego, tem os seguintes significados: “enviar para outro lugar; mandar embora ou simplesmente partir.”

Essa palavra nos dá a ideia de um marido (ou esposa) que deixa a sua esposa (ou marido) intencionalmente e parte em busca de outra pessoa para se relacionar.

A perda do primeiro amor aqui não é meramente acidental, mas um ato voluntário de abandono, de descaso.

Mas o que acontece quando abandonamos o primeiro amor?

2.1- QUANDO ABANDONAMOS O PRIMEIRO AMOR A NOSSA ALIANÇA COM DEUS É QUEBRADA.
Isaías 30:1 “Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que executam planos que não procedem de mim e fazem aliança sem a minha aprovação, para acrescentarem pecado sobre pecado!”

Aliança no sentido bíblico é o estabelecimento de uma relação com Deus ou pessoas, baseada em um compromisso de fidelidade e um voto solenemente estabelecido.

HÁ UMA VERDADE QUE NÃO PODEMOS FUGIR: Todo nosso relacionamento com DEUS e com pessoas está fundamentado em alianças.

Quando começamos a fazer algumas concessões ao pecado a nossa aliança com Deus é quebrada e o nosso compromisso é relegado a um segundo plano.


2.2- QUANDO ABANDONAMOS O PRIMEIRO AMOR A NOSSA DEVOÇÃO AO SENHOR SE TORNA UM PESO E NÃO UM PRAZER!
“Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.” (Jeremias 29.13)

O Senhor quer que o busquemos de todo o nosso coração! Mas muitas vezes não é isso que acontece! Muitas vezes entramos no automático!

“O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu,” Isaías 29:13

É interessante como Jesus cita este mesmo texto de Isaías (Mt 15:7-9)

7 Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
8 Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
9 E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.

Quando o nosso coração não estiver totalmente em Jesus iremos perder a alegria de congregar, de buscar a Deus, de orar, de conhecer a Palavra de Deus!

Há muitos crentes que continuam se dedicando ao trabalho do Senhor, mas perderam a paixão. Fazem o que fazem por hábito, por rotina, por medo, ou por outros motivos religiosos...


2.3- QUANDO ABANDONAMOS O PRIMEIRO AMOR A NOSSA MOTIVAÇÃO NA OBRA DO SENHOR É CONTAMINADA.

Passamos a fazer as coisas em busca de posição, poder e prestígio mais do que por um genuíno amor de Deus.

- Os discípulos de Jesus

Marcos 10:43,44
43 Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;
44 e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos.

Devemos dizer como o apóstolo Paulo (Gl 6.14): “Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz do nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo”.

2 Coríntios 10.18   “Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva”
3- POR QUE PERDEMOS O PRIMEIRO AMOR?

O primeiro amor é como um fogo; se colocamos lenha, ele fica mais inflamado; contudo, se jogamos água, ele se apaga!

Falhamos por não alimentarmos o fogo e por permitirmos que outras coisas o apaguem!

Muitas coisas contribuem para que o nosso amor pelo Senhor perca a sua intensidade.

No entanto, há três coisas, especificamente, que podem fazer com que percamos o primeiro amor.

Se quisermos nos prevenir e evitar esta perda, ou se quisermos uma restauração, precisamos entender estes aspectos e a maneira como eles nos afetam.

3.1- O CONVÍVIO COM O PECADO.
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará” – Mt 24:12.

Precisamos ter o cuidado de não nos acostumarmos com o pecado à nossa volta.

Cuidado com os pecados de estimação!

A palavra estimação – Apreço (consideração) a alguma coisa independente do seu valor.

Pecado de Estimação é aquele pecado que eu insisto em permanecer nele, porque o tenho em alta estima mesmo sabendo que é uma transgressão à lei de Deus.

Tem muita gente que passou a tratar algumas falhas como pecados de estimação. Durante a semana os pratica constantemente, o pecado tornou-se uma prática rotineira. Já é quase um hábito, como escovar os dentes ou tomar banho.

“Para os puros, todas as coisas são puras; mas para os impuros e descrentes, nada é puro. De fato, tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas”. Tito 1:15


3.2- A FALTA DE PROFUNDIDADE NA VIDA CRISTÃ.
Na parábola do Semeador, Jesus falou sobre a semente que caiu em solo rochoso  (Mt 13:20,21).

20 O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria;
21 mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.

Uma planta que brota depressa, mas não desenvolve a profundidade, porque a sua raiz não consegue penetrar profundamente no solo por não tem muita terra, torna-se assim superficial.

O risco que esta planta corre, pelo fato de que ela se desenvolveu na superfície é que, saindo o sol (figura do calor das provações), ela pode morrer rapidamente.

Infelizmente com o evangelho tão falsificado que temos ouvido nestes dias, os crentes em geral não aceitam que a tribulação e o sofrimento faz parte da nossa vida.

Eles vão a Cristo pensando que só terão bênçãos e prosperidade material e quando chega a angustia se frustram com Deus.

Se nós quisermos permanecer neste amor de Cristo, ter firmeza espiritual e frutos que permanecem, temos que olhar com mais cuidado para as nossas raízes. Precisamos ter raízes fortes e profundas em Cristo!

“Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto”.  Jeremias 17:8


3.3-AS DISTRAÇÕES

O terceiro fator no esfriamento do primeiro amor são as “distrações”.

Mateus 13:22 “O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera”.

Diferente do cristão que está passando por tribulação, o discípulo que costuma ser enredado pelas distrações.  Ele pode distrair-se com coisas que talvez sejam até mesmo lícitas, mas que lhe roubam o foco.

Muitas pessoas hoje acham que a igreja existe para lhes entreter. É por isso que o entretenimento gospel está sempre em alta.

As pessoas preferem ir a um Show com uma “celebridade” do mundo gospel do que ser assíduo e constante na oração e estudo no da Palavra de Deus!

A Igreja midiática criou uma classe de crentes acomodados que perderam a alegria e o compromisso de congregar.  

Até mesmo o trabalho tem roubado o nosso tempo com Deus!

A Bíblia diz que, quando Moisés foi ao Egito com uma mensagem de libertação, Faraó aumentou o trabalho do povo para que eles se esquecessem da ideia de adoração a Deus – Êx 5:5-9.

Esta estratégia Satanás aplica, ainda hoje, contra os cristãos. Infelizmente muitas “distrações” têm levado os discípulos do Senhor a abandonarem o seu primeiro amor.

CONCLUSÃO:

O caminho da restauração do primeiro amor passa necessariamente pelo arrependimento: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras”.

O verdadeiro arrependimento deve vir acompanhado dos seguintes passos:

1- O reconhecimento e a confissão dos pecados;
2- O desarme das desculpas ou justificativas;
3- A tomada de decisão que gera mudanças – abandonar as práticas atuais e voltar à prática das primeiras obras;
4- Esta decisão é sua – arrepender-se é uma decisão que ninguém pode tomar no seu lugar.

Semana que vem vamos continuar esta ministração! Eu quero orar agora com aqueles que perceberam este abandono e desejam fazem o caminho de volta!

Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista Catalão-GO

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