quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O PERIGO DE NAUFRAGAR NA FÉ



“Ora, o intuito da presenta admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia.” (1 Timóteo 1.5).

“Mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem.”  (1 Timóteo 1.19,20).

Introdução: Eu quero conversar contigo sobre um assunto bem sério que envolve a nossa fé. Por isso o tema da Palavra de hoje é: O Perigo de Naufragar na Fé.

Quando o apóstolo Paulo escreveu sua primeira Epístola a Timóteo, os naufrágios de embarcações eram muito comuns. O NT registra pelo menos quatro experiências de Paulo com naufrágios.

O quarto naufrágio sofrido por Paulo, conforme Atos cap.27,ocorreu quando ele era levado preso para ser julgado em Roma. No barco que afundou, havia além de cargas, 276 pessoas! E todas elas sobreviveram ao naufrágio (At 27.37).

Paulo usa então a metáfora de um naufrágio náutico para falar deste assunto.

Ele alerta a Timóteo dizendo que alguns rejeitariam a boa consciência e naufragariam na fé. (1 Timóteo 1:19).

O naufrágio náutico é uma das situações mais desesperadoras que uma tripulação e tripulantes podem enfrentar.

Por esses dias, um site de notícias apresentou uma fotos assustadoras e inéditas do Titanic tiradas no dia de seu naufrágio.

O Titanic, "o mais luxuoso transatlântico de sua época", afundou em sua primeira viagem, matando 1523 pessoas. A companhia inglesa White Star Line disse que o navio era impossível de afundar, mas a máquina, a negligencia de seus operadores assim como a força da natureza, tratou de mostrar que tudo que é construído pelo homem é passível de falha.

Muitos bens, ouros e joias, afundaram junto ao Titanic. Por 73 anos foram realizadas buscas, até que em 2 de setembro de 1985, o Titanic voltou a ser visto pelos olhos humanos.

O Titanic veio a pique em apenas 2 horas e 40 minutos após se chocar com um iceberg, levando para o fundo do mar, uma fortuna estimada em até US$ 1 milhão de dólares.

Existem várias situações que podem provocar um naufrágio em uma embarcação. Eu não vou apresentar todas elas, mas algumas situações.

Trazendo para o contexto de nossa fé eu quero ver contigo algumas situações que podem nos levar ao naufrágio da fé.

A primeira situação que pode levar ao naufrágio da fé:
1ª A PERFURAÇÃO DO CASCO.
Isaías 30:12,13
12 Pelo que assim diz o Santo de Israel: Visto que rejeitais esta palavra, confiais na opressão e na perversidade e sobre isso vos estribais,
13 portanto, esta maldade vos será como a brecha de um muro alto, que, formando uma barriga, está prestes a cair, e cuja queda vem de repente, num momento.

Uma perfuração no casco de um barco, ou como disse Isaías “uma brecha” é o que provoca a queda ou o naufrágio de uma embarcação.

Imaginemos um bote e alguém que vai remando e de repente percebe que se fez em seu barco um pequeno furo e que está entrando água.

Quando pecamos, se faz um furo em nosso bote e começa a entrar água.

Que temos que fazer? Consertar primeiro e só depois seguir em frente. Mas nem sempre é isso que fazemos.

A princípio, parece que tudo vai bem, e o bote flutua. Mas continua entrando água devagar.

Assim é quando pecamos: a nossa consciência nos adverte, e nós a rejeitamos. E seguimos pregando, cantando, orando e participando dos cultos. Parece que tudo segue igual, nada muda; mas sem percebermos a água entra lentamente no bote de nossa vida.

Mas de um momento a outro, o que acontece com esse bote? Quando o peso da água já é suficiente, em um instante o bote afunda.

É exatamente isso que ocorre conosco quando rejeitamos a boa consciência, como disse Paulo a Timóteo!

“Mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé...”

Precisamos obedecer à voz da consciência, obedecer ao Senhor em Sua Palavra, confessar nossos pecados e abandoná-los!

“O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Pv 28.13

Para lidar com o pecado precisamos de uma consciência sensível.

A consciência será sensível dependendo da sua comunhão com o Senhor.

Se o nosso grau de comunhão com Deus for profundo, a sua consciência será aguçada e forte.

Por outro lado, se a comunhão é superficial e permanecermos no pecado contínuo e impenitente, a nossa consciência poderá ser cauterizada.  Esse é o maior perigo na vida de um cristão!

Ter a mente cauterizada significa um estado de impenitência e incredulidade tão profundo em que não há mais nenhuma sensibilidade moral e a consciência se torna inoperante. A “mente cauterizada” ou “consciência cauterizada” está diretamente ligada à apostasia.

Paulo usa este termo para falar da apostasia da fé presente nestes últimos dias: (1 Timóteo 4:1,2)

1 Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,
2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência,

A cauterização se dá pela aplicação do cautério, que basicamente é um instrumento utilizado para queimar tecidos orgânicos. O cautério pode ser, por exemplo, um ferro em brasa ou determinados agentes químicos.

A cauterização torna a carne dura e insensível. Então com isso o apóstolo indica que o mesmo pode ocorrer com a consciência do homem. Essa consciência se torna dura, insensível e adormecida.

O inimigo de nossa alma, luta para cauterizar as nossas mentes e a Palavra de Deus é sem dúvida um escudo poderoso para nos proteger desta terrível artimanha maligna.


A segunda situação que pode levar ao naufrágio da fé:
2ª A INSTABILIDADE DA EMBARCAÇÃO.
É quando há uma inclinação da embarcação. O peso que embarcação transporta também deve ser cuidadosamente organizado e equilibrado para que o navio possa navegar com estabilidade.

Semelhantemente à instabilidade de uma embarcação que pode leva-la a um naufrágio, uma fé instável pode também ser a nossa própria ruína. 

Tiago 1:5-8
5 Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.
6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.
7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;
8 homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.

Na NVI diz: ”Homem de mente dividida e é instável em tudo o que faz”.

Muitas pessoas apresentam uma preocupante instabilidade em suas vidas. Não se firmam no emprego, na igreja, na profissão, na escola, no casamento etc.

- Um dia elas creem no poder de Deus, outro dia descreem!
- Um dia elas se comprometem e assumem responsabilidades na obra de Deus, mas em outro dia elas abandonam a obra.
- Pessoas assim são como Pedro antes de experimentar uma real conversão: Elas dizem: “Senhor estou pronto para morrer por ti; mas depois negam a Jesus diante da pressão”

A nossa fé precisa estar bem firmada! Precisamos que a nossa fé seja enraizada!

a) Precisamos ter raízes em Cristo. (Colos. 2:6-7)
“Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças”.

b) Precisamos ter raízes na Palavra de Deus. (Efésios 4:14)
“para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”. (R.A)

“Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”.(outra versão)

b) Precisamos ter raízes na igreja. (Hebreus 10:25)
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”.  Hebreus 10.25.   

A fé e o amor são vínculos que nos unem a Cristo e aos irmãos, mas isso não acontece automaticamente.

Paulo escrevendo aos Coríntios em sua segunda carta no cap.13:5  nos deixa uma pergunta para uma auto reflexão:

“Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós?”

Aqui somos confrontados com o estado da nossa fé, examinando-nos se realmente ainda permanecemos firmes, ou se estamos apenas vivendo de emoções!

Essa fé é instável, volúvel, passageira, assim como são os sentimentos e as emoções.

A terceira situação que pode levar ao naufrágio da fé:
3ª DANOS PROVOCADOS POR UMA GUERRA.

Não é incomum para nós sabermos que em uma guerra naval muitos navios são afundados quando atingidos por um torpedo.

No início da Segunda Guerra Mundial, o Governo Brasileiro, rapidamente, declarou-se neutro em relação ao conflito.

Mas quando os navios da Marinha mercante brasileira foram atacados causando a morte de centenas de brasileiros, o Brasil entrou para a guerra.

Como cristãos nós também estamos em guerra.

Na carta do apóstolo Paulo aos Efésios, no capítulo 6:11,12, vemos que a Bíblia não deixa dúvidas de que existe sim, uma guerra espiritual na qual estamos envolvidos:

11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;
12 porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.

Nós como cristãos não podemos ficar neutros em se tratando da nossa guerra contra o Maligno.

O reverendo Hernandes Dias Lopes em uma de suas pregações sobre o tema diz o seguinte:

“Certamente você tem plena consciência de que vida cristã não é uma colônia de férias, não é um parque de diversões. Não é uma estufa espiritual, nem mesmo uma redoma de vidro. Não existe essa ideia de estar blindado espiritualmente, imune aos ataques sutis, e as vezes intensos do inimigo. Vida cristã é luta. Vida cristã é guerra. É batalha sem pausa e sem trégua. Nessa luta não existe campo neutro, ou você é um guerreiro ou você é uma vítima. ”

Precisamos tomar toda a armadura de Deus e guerrearmos com coragem e ousadia! 

Em 2 Coríntios, Paulo diz o seguinte:

“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; ”

Perceba que nesta guerra os demônios querem o domínio de nossa mente!

O Diabo é um manipulador de mentes! Através do espírito do engano ele fará de tudo para você desistir do caminho!

É por isso que Paulo fala a Timóteo que a apostasia, é produzida pelos ensinos de demônios:

1 Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,

CONCLUSÃO: São três situações que levam ao naufrágio da fé:

1- A perfuração no casco – o pecado contínuo e aceito naturalmente em nossa vida nos leva aos poucos à cauterização da mente e ao naufrágio na fé (que é a apostasia)

2- A Instabilidade do barco- a falta de estabilidade e firmeza em Cristo, na Palavra e na Igreja pode também levar ao naufrágio da fé.

3- Os danos causados pela guerra- estamos numa guerra espiritual e não podemos brincar de ser crente, pois o diabo não brinca de ser diabo. Uma atitude neutra nesta guerra pode ser fatal.

Quando uma embarcação está em risco de naufrágio, a carga é lançada em alto mar primeiro, este é um princípio de sobrevivência. 

Quem sabe se na sua vida, não há algumas cargas que precisam ser lançadas ao mar para que você não venha a naufragar em sua fé?   

Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista Catalão/GO

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