PORQUE VOCÊ NÃO CONSEGUE PERDOAR?
"Enfrentando as nossas justificativas"
Lucas
23:33-34 , 39-43
32 E também eram levados outros dois, que eram malfeitores, para serem
executados com ele.
33 Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem
como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda.
34 Contudo, Jesus dizia: Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes
dele, lançaram sortes.
39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não
és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.
40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos
temes a Deus, estando sob igual sentença?
41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os
nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso.
Introdução: Hoje é a nossa segunda ministração da série Perdoar
é preciso! Na primeira parte desta mensagem, aprendemos através da vida de
Absalão que a ofensa é uma grande armadilha de satanás para nos destruir,
principalmente se ela transformar-se em uma terrível amargura em nosso coração.
Na palavra de hoje vamos aprender que embora
apresentemos muitas justificativas para não perdoar alguém que nos ofendeu, é
possível perdoar sim qualquer ofensa recebida.
Muitas vezes pensamos que perdoar a outra
pessoa implica dar-lhe razão e concordar com ela. Isto não é verdade. Perdoar não implica dar a razão ao outro,
significa libertar-se das ataduras da amargura.
Se há alguém com autoridade para nos ensinar
a perdoar é o Senhor Jesus!
Para perdoarmos, precisamos ter um retrato
real de seu sacrifício na cruz e qual a Sua reação diante das agressões e
ofensas sofridas e, com base Nele, estabelecer um padrão de perdão ideal para as
nossas vidas.
O texto que lemos aborda a decisão de Pilatos
em entregar Jesus aos judeus mesmo não tendo encontrado nele culpa alguma.
Diante da multidão enfurecida que pedia pela
crucificação de Jesus, Pilatos disse: “Que
mal fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte; portanto,
depois de o castigar, soltá-lo-ei”. Lucas 23:22
Mas, Pilatos não resistiu a pressão popular e
entregou a Jesus para ser crucificado: Veja Lucas 23:23-25
23 Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado.
E o seu clamor prevaleceu.
24 Então, Pilatos decidiu atender-lhes o pedido.
25 Soltou aquele que estava encarcerado por causa da sedição e do
homicídio, a quem eles pediam; e, quanto a Jesus, entregou-o à vontade deles.
Mesmo depois de receber acusações falsas e
injustas, de ser humilhado e torturado, de estar sangrando tremendamente e de
ter que carregar a cruz até o Gólgota, Jesus perdoa seus agressores.
34 “Contudo, Jesus dizia: Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...”
Até mesmo um dos ladrões que foram
crucificados ao lado de Jesus reconheceu que Nele não havia pecado algum: Lucas
23:41 NVI
"Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o
que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal".
Ao ler esta narrativa da cruz percebi que para acontecer o perdão Jesus
passou por um intenso sofrimento.
Não há perdão sem sofrimento; é por isso que
é tão difícil perdoar, mas, nenhum sofrimento pelo perdão se iguala ao que
Jesus passou.
O apóstolo Pedro ao falar sobre os
sofrimentos de Cristo nos diz que somos chamados também para seguirmos os seus
passos. (Veja 1 Pedro 2:21-24)
21 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo
sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos,
22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca
23 pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando
maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente,
24 carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos
pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas
chagas, fostes sarados.
Nesta noite, o Senhor quer que você venha
romper com as suas autojustificativas para não perdoar. Precisamos parar de procurar
razões para negar o perdão. Não podemos ser luz para os outros enquanto
estivermos caminhando nas trevas da mágoas.
Existem pelo menos três justificativas que
usamos para não perdoar.
I – NÃO POSSO PERDOAR PORQUE ELE NÃO MERECE O
MEU PERDÃO!
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos
uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”.
(Efésios 4.32
É normal crermos que uma pessoa não mereça o
nosso perdão se esta não se arrependeu verdadeiramente!
Esta semana li alguns textos de alguns
comentaristas bíblicos e vi que alguns defendem a ideia de que não podemos
perdoar quem não se arrependeu de uma ofensa cometida; isto é, que para
perdoarmos, primeiro o ofensor precisa se arrepender.
Quando eu preparava esta palavra fiquei diante deste dilema:
Para eu perdoar uma pessoa que me feriu eu devo esperar antes pelo seu
arrependimento? Ou devo perdoá-la antes mesmo de arrepender?
Se eu creio que só devo perdoar primeiro se a pessoa se arrepender,
terei um grande problema teológico:
“ Este pensamento condiciona perdão ao mérito do ofensor e não à graça
ao ofendido”
Maurício Zágari
Entenda uma coisa! Deus estendeu a sua mão a
nós antes mesmo de pedirmos o Seu perdão! Antes mesmo de nos arrependermos!
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo
morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” Romanos 5:8
Mas isso não significa que o perdão de Deus
em nossa vida é algo automático. Pois se fosse assim, cairíamos em outra
doutrina terrível e confusa que é o universalismo.
Deus não exime o pecador de se arrepender de seus pecados. O perdão é
oferecido a todos, mas, cabe ao pecador o arrependimento e a fé em Cristo. Ele
precisa aceitar este perdão!
Conta-se uma história de um condenado à morte
no velho oeste dos EUA. Aquele homem havia se envolvido numa briga de bar e
acabou matando um homem. Por causa disso estava no corredor da morte esperando
o dia da execução. A população da cidade resolveu pedir ao governador do Estado
para perdoá-lo. Depois de analisar o caso, o governador resolveu conceder o
perdão, mas queria conhecê-lo antes. Colocou a carta de perdão dentro de uma
Bíblia, se disfarçou de pastor e foi à prisão. Quando chegou à cela daquele
homem, portando a carta que o livraria da morte, foi mal recebido e
veementemente rejeitado. Mesmo assim insistiu dizendo para o preso que tinha
dentro daquele livro algo muito bom, mas o condenado não o recebeu. Quando o
governador foi embora, o carcereiro falou ao preso o que ele havia perdido. No
dia da execução, o condenado pediu para pronunciar suas últimas palavras e
então disse: “Não estou morrendo por que matei um homem, estou morrendo
porque rejeitei o perdão”. É assim também em relação ao perdão que leva a
salvação.
João 3:17-18 o Senhor Jesus confirma isso:
“Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.
“Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto
não crê no nome do unigênito Filho de Deus”.
Cabe a nós como cristãos e discípulos de Jesus perdoar e assim nós
estaremos livres da prisão amargura! Além de ficarmos livres, fazendo isso
damos início a um processo que pode levar o nosso ofensor ao arrependimento.
O que leva as pessoas ao arrependimento? (Veja
Romanos 2:3-4)
3 Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as
mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?
4 Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade,
ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?
Quando perdoamos ou tratamos bem àqueles que nos ofenderam, abrimos
espaço para que o Senhor queime a consciência do ofensor!
(Rm 12. 20) “se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver
sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a
sua cabeça.”
Por isso queridos, precisamos abrir mão de toda vingança, pois ela não
nos pertence!
A substituição do desejo de vingança pelo perdão é algo que vem de Deus,
pois Ele é quem retribui a injustiça (Rm 12:17-19).
17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem
perante todos os homens.
18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens
19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque
está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.
“O Perdão não diminui
a injustiça; pelo contrário, o perdão passa a justiça para as mãos de Deus..” Max Lucado
Como é que Deus em Cristo nos perdoou?
A Bíblia diz em 2 Coríntios 5:21 que “aquele que não conheceu pecado, Jesus
Cristo, ele o fez pecado por nós, para que nele (em Jesus), nós fossemos feito
justiça de Deus”.
Quando Jesus estava na cruz, Deus pegou os
meus pecados, os seus pecados, as nossas transgressões e lançou todas elas
sobre Jesus.
Em Isaías 53:5,6 diz:
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. Todos
nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o
SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos”. Isaías
53:6
Você precisa entender a dimensão do perdão de
Deus para perdoar que te ofendeu!
Deus perdoou completamente seu pecado e tornou você limpo por causa do
que Jesus Cristo fez na cruz.
Não importa o que alguém faz para você, você
nunca vai ter que perdoar qualquer outra pessoa mais do que Deus já perdoou
você.
Somos perdoados por causa da graça de Deus. O
perdão não é merecimento, é graça.
Tanto o perdão que você recebe como o que
você oferece é graça!!
Realmente a pessoa que te ofendeu não merece
o teu perdão, como não merece o perdão de Deus, pois se fosse assim não seria
GRAÇA!
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.
Efésios 2:8,9
“Os perdoados devem perdoar. Os que receberam
graça devem ser canais da misericórdia. Os que receberam perdão, não podem
sonegar perdão”. Rev Hernandez Dias Lopes
II – NÃO POSSO PERDOAR PORQUE ESTÁ DOENDO
DEMAIS.
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os
homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso”. Isaías
53:3
Em todo o capítulo cinquenta e três de seu
livro, o profeta relata o sofrimento de Cristo e mais precisamente no versículo
três, ele o chama de “homem de dores”.
A dor física de Jesus foi apenas a ponta do
iceberg. A dimensão desta foi muito além da descrição do flagelo físico, se
estende ao campo emocional e espiritual.
Pode-se afirmar que o processo de dor
vivenciado por Jesus foi composto por quatro dimensões: “dor física, dor emocional,
dor social, dor espiritual”.
A dor (no sentido amplo da palavra, não
especificamente dor física) tem paralisado vidas, projetos e sonhos. Muitas
pessoas já desistiram de viver, por não conseguirem superar algum tipo de
trauma, algum tipo de dor insuportável.
Eu li um artigo que me impressionou sobre a dor da alma: “A dor da alma, é a pior de todas as dores.
Ela é invisível, não aparece na ultrassonografia, nos raios x, nas tomografias.
Mas está lá, silenciosa. Maligna. Incompreendida. Para a dor da alma não tem
morfina”.
Existem pelo menos duas dores causadas por
ofensas difíceis de perdoar:
(a) REJEIÇÃO - Uma das dores mais profundas é a da rejeição,
porque quem sofre com ela se sente rejeitado internamente, interpretando tudo o
que acontece ao seu redor através do filtro da sua ferida.
Isaías diz que Jesus “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens”. “..um de quem os
homens escondem o rosto.”
(b) TRAIÇÃO- É também uma terrível dor na alma, pois ela
não vem de quem não conhecemos, mas daquele que anda ao nosso lado.
Quando Jesus estava nos seus últimos
momentos, viveu essa dolorosa experiência da traição. Foi surpreendido por um
beijo: o beijo do traidor.
“Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo
trais o Filho do Homem?” Lucas 22:48
O evangelista, para realçar a traição, coloca
o beijo como seu sinal. Mas por que o beijo?
- Beijou porque era íntimo; beijou porque era
um “com-Jesus”, um dos doze, um dos companheiros de jornada, um daqueles que
vivia ao seu redor, ouvindo sua palavra, aprendendo os ensinamentos do Mestre
de Nazaré.
Se você foi rejeitado ou traído, em nome de
Jesus, decida perdoar! Mesmo que ainda sinta dor, pois o perdão é uma decisão,
não é um sentimento!
Jesus foi torturado ao limite máximo da dor,
mas perdoou seus agressores.
A dor será removida com o tempo, as feridas
serão curadas, pois existe um bálsamo que emana do perdão, mas ele é derramado aos
poucos sobre as nossas feridas.
III – NÃO POSSO PERDOAR PORQUE NÃO É A
PRIMEIRA VEZ.
“Então, Pedro, aproximando-se,
lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu
lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes,
mas até setenta vezes sete”. Mateus 18:21-22
Quando Pedro perguntou para Jesus se deveria
perdoar 7 vezes, ele pensava que estava sendo generoso, pois 7 vezes é um bom
número para perdoar alguém ter um significado de totalidade, plenitude, complementação.
No entanto, Jesus disse: “Não te digo que até sete vezes, mas até
setenta vezes sete”
490 vezes. Jesus disse isso para nos mostrar
que devemos perdoar sempre.
Mas vamos ser francos, do ponto de vista do
ofendido, aquilo que Jesus espera de nós parece ser um absurdo!
Mas se pensarmos bem não é! Sabe por quê?
Quando você pensa que não pode perdoar mais
seu irmão, pense nas milhares de vezes que Deus o perdoou e perdoará você.
Um certa vez um cristão estava orando
indignado com Deus sobre as atitudes repetitivas de um irmão. Ele dizia:
- “Senhor, isto acontece repetidamente. Não
posso suportar isso”. Então, surpreendentemente, a seguinte resposta veio à sua
mente:
- "você
repetidamente comete os mesmos pecados, novamente e novamente, e eu perdoo
você".
Esse cristão então disse: “Claro”, calei-me
imediatamente. Não levou tempo para que me viessem à mente os mesmos pecados,
repetidos sempre através dos anos!
Com Deus não funciona o "faça como eu
digo, mas não como eu faço".
Em Deus há perdão sem fim. Eu creio que esta
é uma das notícias mais maravilhosas na fé cristã!
Assim como Jesus liberou o perdão para os
seus agressores, Ele também espera que façamos com aqueles que nos ofendem,
afinal a Escritura diz que “aquele que afirma que permanece nele, deve andar
como ele andou” (1Jo 2.6) e
“Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também
lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes
perdoará as ofensas" (Mt 6,14,15).
Quando, em vez de perdoar seu irmão você age
como um juiz, passando julgamento e punição a ele, então você convida o
julgamento de Deus para a sua vida e os seus pecados!
CONCLUSÃO:Aqueles que são do Senhor aprenderão
com Ele a perdoar, ainda que seja muito dolorido e que julguemos que a pessoa
não mereça ou que até mesmo não manifeste nenhuma mudança de atitude.
Que o Senhor nos dê da Sua graça para que o
honremos com nossa vida.
“Perdoar
não significa continuar em uma situação abusiva ou perigosa. Significa largar o
ressentimento e a vontade de retribuição. Você tem todo direito de se proteger
e evitar situações ruins. Em caso de crime, você também tem todo direito de
procurar o apoio da polícia e da justiça”.
A Wikipedia define perdão da seguinte maneira:
“Processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva
contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida,
diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou
restituição.”
Ou seja, quando perdoamos, não significa que
esquecemos totalmente a ofensa que nos foi feita, mas e a nossa atitude com
relação a ela e ao ofensor que muda. Abandonamos todo desejo de vingança e
retaliação e seguimos com nossa vida.
Em nossa aula 4 do módulo 2 aprendemos que “A
falta de perdão pode impedir o discípulo de lidar adequadamente com as pessoas
em sua liderança, em sua vida e nos seus
relacionamentos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário