sexta-feira, 30 de março de 2018

COMPREENDENDO O PRINCÍPIO DA CRUZ



TEXTO: João 12.24-27
24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.
25 Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.
26 Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.
27 Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora.

INTRODUÇÃO:

O grão de trigo ilustra um dos princípios mais fundamentais do Novo Testamento: A VIDA QUE NASCE DA MORTE.

Em primeiro lugar neste texto Jesus está se referindo à sua própria morte! O versículo 27 nos mostra isto claramente. Jesus veio a este mundo com este propósito: Dar a sua própria vida para que nós pudéssemos ter vida eterna!

Isaías 53:11 nos mostra claramente que Jesus cumpriu o seu propósito e nós somos o fruto de sua própria morte.

Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si”.

Todavia, este texto também se aplica a nós como discípulos de Jesus, embora com uma visão diferente. Jesus morreu pelos nossos pecados, mas nós devemos também morrer, não pelos nossos pecados, mas, para os nossos pecados!

Amados é preciso morrer para si. Se o grão de trigo não morrer, ele fica só, ou seja, ele não dá fruto. O Senhor deseja que possamos dar frutos, não somente frutos , mas “bons frutos”.

É preciso morrer para gerar, germinar e dar fruto. É preciso fazer morrer a casca da semente, que muitas vezes está cheia da nossa carnalidade, os cuidados deste mundo e religiosidade.

Essa foi a mensagem que fez a Igreja primitiva passar quase trezentos anos de perseguição.

Foi por que a Igreja Primitiva compreendeu o caminho mostrado por Jesus.

A Igreja primitiva floresceu sobre o sangue dos mártires.  Independentemente do que quer que se levantassem contra eles, eles olhavam para a cruz e prosseguiam.

Mas, parece que a cruz perdeu sua força na mensagem cristã.
Em 313, pelo edito de Milão, Constantino oficializou o cristianismo como religião oficial do Império. Os cristianismo foi institucionalizado e como fruto disso, apareceram os desvios doutrinários e muitos cristãos nominais.

Hoje não tem sido tão diferente daqueles dias. Por isso. precisamos retornar ao cristianismo da cruz.

Então, nesta Páscoa, eu quero falar a respeito da cruz e do modo como precisamos compreendê-la:

I – PRECISAMOS COMPREENDER QUE A CRUZ É UM PROJETO QUE SOMENTE PODE NASCER NO CÉU. (1 Pedro 1:18-20)
18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós.

Antes mesmo da fundação do mundo o sacrifício de Jesus foi conhecido  e só manifestado há dois mil anos, quando João Batista declarou que ele era o Cordeiro de Deus. Sua morte ocorreu exatamente quando os evangelhos a descrevem, não antes e nem depois.

A cruz, como mero castigo, nasceu no coração humano, mas como redenção, nasceu no coração de Deus.

A cruz, como forma de entrega voluntária, jamais nasceria do coração humano.

Qual o homem, não fosse pelo poder de Deus, aceitaria voluntariamente ser crucificado?

Por isso, precisamos compreender que ninguém vive a proposta da cruz pelo esforço próprio.

Na sua carne, Jesus também não queria: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora”. (Jo. 12:27)

Mas, por que a cruz foi concebida no céu, Jesus foi até o fim, até render o espírito.

*Somente o Espírito Santo pode nos sustentar no caminho da cruz.

Por isso, a conversão é obra do Espírito Santo, por que se for uma mera decisão humana, ela irá passar ao largo da cruz. (João 16:8)

Não há conversão sem a compreensão da mensagem da cruz!

II – PRECISAMOS COMPREENDER QUE A CRUZ É A ÚNICA FORMA DE REVERTER AS CONSEQUENCIAS DA QUEDA.

A cruz era o tipo de morte mais cruel que poderia ser impingida a um criminoso. Pois foi essa morte que Deus escolheu para expiar completamente os nossos pecados e rever todo esse processo de morte que nos envolve.

(Colossenses 2:14,15)
14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.

*Jesus derrotou o pecado em todas as suas dimensões e com todas as suas consequências.

A cruz é a antítese da queda, pois tudo aquilo que o homem quis agarrar ilicitamente no Jardim do Éden, Jesus possuía e o entregou voluntariamente no Calvário.

O Diabo incitou o homem com a proposta de que ele se tornaria semelhante a Deus, entretanto, Jesus estava nessa condição e abriu mão voluntariamente! (Fp. 2:5-11)

Jesus abriu mão sua identidade: Ele não se agarrou, nem no céu, nem na terra. Ele suportou as maiores ofensas.

Nas suas emoções: Nós nos melindramos por qualquer motivo. Jesus, não se importou em ser envergonhado, escarnecido, cuspido. Ele foi para a cruz como ovelha muda. (Is. 53:7)

No seu corpo físico: Sua vida esvaiu completamente. Não sobrou absolutamente nada das suas forças. Não foi uma morte repentina não! Foi uma martírio lento, onde toda a sua força foi sugada, gota a gota, até o fim.

No seu espírito: Ele teve que aguentar sozinho. Até o Pai voltou seu rosto para Ele. (Mt. 27:46)

Por isso o Diabo fez tudo o que pôde para impedir que Jesus fosse à cruz.

E, ele fará tudo para impedir que eu e você vivamos a mensagem da cruz.

Devemos olhar a nossa vida da perspectiva que ela já não nos pertence mais e que devemos glorificar a Deus com ela, em todas as dimensões do nosso ser.

(1 Co. 6:20) “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”.

Como vou glorificar a Deus buscando sempre a minha vontade; querendo sempre me defender? Querendo sempre fazer valer os meus direitos?

Isso não é cruz! Isso é o nosso ego!

É a cruz que vai inverter todos os efeitos da queda na nossa vida, em todo o nosso ser: No corpo, na alma e no espírito.

A cruz precisa matar concretamente nossa natureza pecaminosa.

(Colossenses 3:5,6)
5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;
6 por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].

A cruz nos ensina a sofrer, a renunciar nossa própria vontade para herdar algo maior no futuro. E isso é o cristianismo!


III– PRECISAMOS COMPREENDER QUE A CRUZ É A ESSÊNCIDA DA CONDUTA CRISTÃ.

A cruz de Cristo é o nosso acesso ao Reino de Deus, mas o Evangelho nos diz algo mais. Jesus nos pede que também assumamos a cruz:

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24)

**Paulo tinha esse princípio muito claro: “Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.  (Gálatas 2:19-20)

-Duas coisas decorrem dessa condição:

***1º) A nossa segurança: Se fomos para a cruz, nada mais pode nos atingir realmente:

(Rm. 8:31-19)
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

2º) O comprometimento: Aqui entra o princípio do grão de trigo.

Nós nascemos para glorificar a Deus e não conseguiremos fazer isso, enquanto vivermos para nós mesmos.

2 Cor 5:15  “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.

*A cruz é sempre sinônimo de morte. Jesus falou do grão de trigo ao referir-se à cruz. E, quando Ele diz que nós devemos tomar a nossa cruz, isso implica que precisamos morrer para nós mesmos.

Hoje está sendo pregado outro Evangelho: O Evangelho da coroa no lugar da cruz.

Nós queremos a coroa, mas a cruz precede a glória. A coroa não é para este mundo, e sim para o Céu!

Tiago 1:12 = “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.”

Enquanto não nos entregamos completamente, ficamos sempre lutando com nossos desejos, com nossas frustrações, com nossas amarguras, com nossos complexos, traumas.

*A vida se torna pesada demais para quem não se entregou. É por isso que Jesus disse:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” ( MT. 11:28)

A palavra “todos”, significa todos. Por isso:

CONCLUSÃO:

A CRUZ É UM CAMINHO POSSÍVEL PARA TODOS NÓS! A Bíblia é uma só. Não existe uma Bíblia para crianças, outra para jovens, outra para adultos, outra para velhos.

A Bíblia é um livro de princípios, não somente de regras.

**Todos nós em todas as idades, podemos viver o princípio da cruz, o princípio do grão de trigo.

(1) UMA CRIANÇA: Ensinada desde cedo a renunciar os próprios caprichos, as suas birras para obedecer a Deus. É assim que ela vai começar a produzir frutos ainda muito cedo;

(2) UM JOVEM: Aprender a tomar decisões com base na vontade de Deus e aprender a renunciar os seus desejos, para obedecer a Deus;

(3) UM ADULTO: Dedicar tempo para Deus. Um adulto precisa compreender que Deus precisa dele no tempo mais importante da sua vida. É o auge do seu potencial. Hoje não conseguimos mais fazer líderes, por que todo o mundo está correndo atrás dos próprios interesses.

(4)UM IDOSO: Precisa continuar produzindo frutos, ainda na velhice. Precisa terminar bem. (Salmo 92:12-15)

Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista Catalão