segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

SÉRIE: PERDOAR É PRECISO! (2ª Parte)



PORQUE VOCÊ NÃO CONSEGUE PERDOAR?
"Enfrentando as nossas justificativas"

Lucas 23:33-34 , 39-43

32 E também eram levados outros dois, que eram malfeitores, para serem executados com ele.
33 Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda.
34 Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes.
39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.
40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença?
41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.

Introdução: Hoje é a nossa segunda ministração da série Perdoar é preciso! Na primeira parte desta mensagem, aprendemos através da vida de Absalão que a ofensa é uma grande armadilha de satanás para nos destruir, principalmente se ela transformar-se em uma terrível amargura em nosso coração.

Na palavra de hoje vamos aprender que embora apresentemos muitas justificativas para não perdoar alguém que nos ofendeu, é possível perdoar sim qualquer ofensa recebida.

Muitas vezes pensamos que perdoar a outra pessoa implica dar-lhe razão e concordar com ela. Isto não é verdade. Perdoar não implica dar a razão ao outro, significa libertar-se das ataduras da amargura.

Se há alguém com autoridade para nos ensinar a perdoar é o Senhor Jesus!

Para perdoarmos, precisamos ter um retrato real de seu sacrifício na cruz e qual a Sua reação diante das agressões e ofensas sofridas e, com base Nele, estabelecer um padrão de perdão ideal para as nossas vidas.

O texto que lemos aborda a decisão de Pilatos em entregar Jesus aos judeus mesmo não tendo encontrado nele culpa alguma.

Diante da multidão enfurecida que pedia pela crucificação de Jesus, Pilatos disse: “Que mal fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte; portanto, depois de o castigar, soltá-lo-ei”. Lucas 23:22

Mas, Pilatos não resistiu a pressão popular e entregou a Jesus para ser crucificado: Veja Lucas 23:23-25

23 Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E o seu clamor prevaleceu.
24 Então, Pilatos decidiu atender-lhes o pedido.
25 Soltou aquele que estava encarcerado por causa da sedição e do homicídio, a quem eles pediam; e, quanto a Jesus, entregou-o à vontade deles.

Mesmo depois de receber acusações falsas e injustas, de ser humilhado e torturado, de estar sangrando tremendamente e de ter que carregar a cruz até o Gólgota, Jesus perdoa seus agressores.

34 “Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...”

Até mesmo um dos ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus reconheceu que Nele não havia pecado algum: Lucas 23:41 NVI

"Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal".

Ao ler esta narrativa da cruz percebi que para acontecer o perdão Jesus passou por um intenso sofrimento.

Não há perdão sem sofrimento; é por isso que é tão difícil perdoar, mas, nenhum sofrimento pelo perdão se iguala ao que Jesus passou.

O apóstolo Pedro ao falar sobre os sofrimentos de Cristo nos diz que somos chamados também para seguirmos os seus passos. (Veja 1 Pedro 2:21-24)

21 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos,
22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca
23 pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente,
24 carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.

Nesta noite, o Senhor quer que você venha romper com as suas autojustificativas para não perdoar. Precisamos parar de procurar razões para negar o perdão. Não podemos ser luz para os outros enquanto estivermos caminhando nas trevas da mágoas.

Existem pelo menos três justificativas que usamos para não perdoar.

I – NÃO POSSO PERDOAR PORQUE ELE NÃO MERECE O MEU PERDÃO!
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”. (Efésios 4.32

É normal crermos que uma pessoa não mereça o nosso perdão se esta não se arrependeu verdadeiramente!

Esta semana li alguns textos de alguns comentaristas bíblicos e vi que alguns defendem a ideia de que não podemos perdoar quem não se arrependeu de uma ofensa cometida; isto é, que para perdoarmos, primeiro o ofensor precisa se arrepender.

Quando eu preparava esta palavra fiquei diante deste dilema:

Para eu perdoar uma pessoa que me feriu eu devo esperar antes pelo seu arrependimento? Ou devo perdoá-la antes mesmo de arrepender?

Se eu creio que só devo perdoar primeiro se a pessoa se arrepender, terei um grande problema teológico:

“ Este pensamento condiciona perdão ao mérito do ofensor e não à graça ao ofendido”  Maurício Zágari

Entenda uma coisa! Deus estendeu a sua mão a nós antes mesmo de pedirmos o Seu perdão! Antes mesmo de nos arrependermos!

“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” Romanos 5:8

Mas isso não significa que o perdão de Deus em nossa vida é algo automático. Pois se fosse assim, cairíamos em outra doutrina terrível e confusa que é o universalismo.

Deus não exime o pecador de se arrepender de seus pecados. O perdão é oferecido a todos, mas, cabe ao pecador o arrependimento e a fé em Cristo. Ele precisa aceitar este perdão!

Conta-se uma história de um condenado à morte no velho oeste dos EUA. Aquele homem havia se envolvido numa briga de bar e acabou matando um homem. Por causa disso estava no corredor da morte esperando o dia da execução. A população da cidade resolveu pedir ao governador do Estado para perdoá-lo. Depois de analisar o caso, o governador resolveu conceder o perdão, mas queria conhecê-lo antes. Colocou a carta de perdão dentro de uma Bíblia, se disfarçou de pastor e foi à prisão. Quando chegou à cela daquele homem, portando a carta que o livraria da morte, foi mal recebido e veementemente rejeitado. Mesmo assim insistiu dizendo para o preso que tinha dentro daquele livro algo muito bom, mas o condenado não o recebeu. Quando o governador foi embora, o carcereiro falou ao preso o que ele havia perdido. No dia da execução, o condenado pediu para pronunciar suas últimas palavras e então disse: “Não estou morrendo por que matei um homem, estou morrendo porque rejeitei o perdão”. É assim também em relação ao perdão que leva a salvação.


João 3:17-18 o Senhor Jesus confirma isso:
 “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.
“Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”.

Cabe a nós como cristãos e discípulos de Jesus perdoar e assim nós estaremos livres da prisão amargura! Além de ficarmos livres, fazendo isso damos início a um processo que pode levar o nosso ofensor ao arrependimento.

O que leva as pessoas ao arrependimento? (Veja Romanos 2:3-4)

3 Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?
4 Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?

Quando perdoamos ou tratamos bem àqueles que nos ofenderam, abrimos espaço para que o Senhor queime a consciência do ofensor!

(Rm 12. 20) “se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.”

Por isso queridos, precisamos abrir mão de toda vingança, pois ela não nos pertence!

A substituição do desejo de vingança pelo perdão é algo que vem de Deus, pois Ele é quem retribui a injustiça (Rm 12:17-19).

17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens.
18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens
19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.

“O Perdão não diminui a injustiça; pelo contrário, o perdão passa a justiça para as mãos de Deus..” Max Lucado

Como é que Deus em Cristo nos perdoou?

A Bíblia diz em 2 Coríntios 5:21 que “aquele que não conheceu pecado, Jesus Cristo, ele o fez pecado por nós, para que nele (em Jesus), nós fossemos feito justiça de Deus”.

Quando Jesus estava na cruz, Deus pegou os meus pecados, os seus pecados, as nossas transgressões e lançou todas elas sobre Jesus.

Em Isaías 53:5,6 diz:
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos”. Isaías 53:6

Você precisa entender a dimensão do perdão de Deus para perdoar que te ofendeu!

Deus perdoou completamente seu pecado e tornou você limpo por causa do que Jesus Cristo fez na cruz.

Não importa o que alguém faz para você, você nunca vai ter que perdoar qualquer outra pessoa mais do que Deus já perdoou você.

Somos perdoados por causa da graça de Deus. O perdão não é merecimento, é graça.

Tanto o perdão que você recebe como o que você oferece é graça!!

Realmente a pessoa que te ofendeu não merece o teu perdão, como não merece o perdão de Deus, pois se fosse assim não seria GRAÇA!

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. Efésios 2:8,9

 Os perdoados devem perdoar. Os que receberam graça devem ser canais da misericórdia. Os que receberam perdão, não podem sonegar perdão”. Rev Hernandez Dias Lopes


II – NÃO POSSO PERDOAR PORQUE ESTÁ DOENDO DEMAIS.
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso”. Isaías 53:3

Em todo o capítulo cinquenta e três de seu livro, o profeta relata o sofrimento de Cristo e mais precisamente no versículo três, ele o chama de “homem de dores”.

A dor física de Jesus foi apenas a ponta do iceberg. A dimensão desta foi muito além da descrição do flagelo físico, se estende ao campo emocional e espiritual.

Pode-se afirmar que o processo de dor vivenciado por Jesus foi composto por quatro dimensões: “dor física, dor emocional, dor social, dor espiritual”.

A dor (no sentido amplo da palavra, não especificamente dor física) tem paralisado vidas, projetos e sonhos. Muitas pessoas já desistiram de viver, por não conseguirem superar algum tipo de trauma, algum tipo de dor insuportável.

Eu li um artigo que me impressionou sobre a dor da alma: “A dor da alma, é a pior de todas as dores. Ela é invisível, não aparece na ultrassonografia, nos raios x, nas tomografias. Mas está lá, silenciosa. Maligna. Incompreendida. Para a dor da alma não tem morfina”.

Existem pelo menos duas dores causadas por ofensas difíceis de perdoar:

(a) REJEIÇÃO - Uma das dores mais profundas é a da rejeição, porque quem sofre com ela se sente rejeitado internamente, interpretando tudo o que acontece ao seu redor através do filtro da sua ferida.

Isaías diz que Jesus “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens”. “..um de quem os homens escondem o rosto.”

(b) TRAIÇÃO- É também uma terrível dor na alma, pois ela não vem de quem não conhecemos, mas daquele que anda ao nosso lado.

Quando Jesus estava nos seus últimos momentos, viveu essa dolorosa experiência da traição. Foi surpreendido por um beijo: o beijo do traidor.

“Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?” Lucas 22:48

O evangelista, para realçar a traição, coloca o beijo como seu sinal. Mas por que o beijo?

- Beijou porque era íntimo; beijou porque era um “com-Jesus”, um dos doze, um dos companheiros de jornada, um daqueles que vivia ao seu redor, ouvindo sua palavra, aprendendo os ensinamentos do Mestre de Nazaré.

Se você foi rejeitado ou traído, em nome de Jesus, decida perdoar! Mesmo que ainda sinta dor, pois o perdão é uma decisão, não é um sentimento!

Jesus foi torturado ao limite máximo da dor, mas perdoou seus agressores.

A dor será removida com o tempo, as feridas serão curadas, pois existe um bálsamo que emana do perdão, mas ele é derramado aos poucos sobre as nossas feridas.

III – NÃO POSSO PERDOAR PORQUE NÃO É A PRIMEIRA VEZ.
 “Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Mateus 18:21-22

Quando Pedro perguntou para Jesus se deveria perdoar 7 vezes, ele pensava que estava sendo generoso, pois 7 vezes é um bom número para perdoar alguém ter um significado de totalidade, plenitude, complementação.

No entanto, Jesus disse: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”

490 vezes. Jesus disse isso para nos mostrar que devemos perdoar sempre.

Mas vamos ser francos, do ponto de vista do ofendido, aquilo que Jesus espera de nós parece ser um absurdo!

Mas se pensarmos bem não é! Sabe por quê?

Quando você pensa que não pode perdoar mais seu irmão, pense nas milhares de vezes que Deus o perdoou e perdoará você.

Um certa vez um cristão estava orando indignado com Deus sobre as atitudes repetitivas de um irmão. Ele dizia:

- “Senhor, isto acontece repetidamente. Não posso suportar isso”. Então, surpreendentemente, a seguinte resposta veio à sua mente:

- "você repetidamente comete os mesmos pecados, novamente e novamente, e eu perdoo você".

Esse cristão então disse: “Claro”, calei-me imediatamente. Não levou tempo para que me viessem à mente os mesmos pecados, repetidos sempre através dos anos!

Com Deus não funciona o "faça como eu digo, mas não como eu faço".

Em Deus há perdão sem fim. Eu creio que esta é uma das notícias mais maravilhosas na fé cristã!

Assim como Jesus liberou o perdão para os seus agressores, Ele também espera que façamos com aqueles que nos ofendem, afinal a Escritura diz que “aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou” (1Jo 2.6) e

“Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas" (Mt 6,14,15).

Quando, em vez de perdoar seu irmão você age como um juiz, passando julgamento e punição a ele, então você convida o julgamento de Deus para a sua vida e os seus pecados!

CONCLUSÃO:Aqueles que são do Senhor aprenderão com Ele a perdoar, ainda que seja muito dolorido e que julguemos que a pessoa não mereça ou que até mesmo não manifeste nenhuma mudança de atitude.

Que o Senhor nos dê da Sua graça para que o honremos com nossa vida.

 “Perdoar não significa continuar em uma situação abusiva ou perigosa. Significa largar o ressentimento e a vontade de retribuição. Você tem todo direito de se proteger e evitar situações ruins. Em caso de crime, você também tem todo direito de procurar o apoio da polícia e da justiça”.


A Wikipedia define perdão da seguinte maneira: “Processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição.”

Ou seja, quando perdoamos, não significa que esquecemos totalmente a ofensa que nos foi feita, mas e a nossa atitude com relação a ela e ao ofensor que muda. Abandonamos todo desejo de vingança e retaliação e seguimos com nossa vida.

Em nossa aula 4 do módulo 2 aprendemos que “A falta de perdão pode impedir o discípulo de lidar adequadamente com as pessoas em sua liderança,  em sua vida e nos seus relacionamentos”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário