terça-feira, 21 de janeiro de 2025

ÉFESO – A IGREJA QUE ABANDONOU O PRIMEIRO AMOR


Texto: Apocalipse 2:1-7
 
1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
 
Introdução: Graça e Paz irmãos! Semana passada o Senhor nos trouxe uma Palavra sobre a Visão de Cristo glorificado em baseada no capítulo 1 do livro de Apocalipse.
 
Creio que todos nós fomos impactados por esta visão e motivados a sermos realmente uma igreja cuja função é iluminar este mundo de trevas com a luz de Jesus. Por isso, as 7 igrejas da Ásia são chamadas de candeeiros de ouro. Como igreja nós devemos refletir a luz da presença de Deus neste mundo.
 
Paulo falando à Igreja em Filipenses 2:14,15 nos exorta exatamente a sermos estes luzeiros no mundo:
 
“Façam tudo sem queixas nem discussões, de modo que ninguém possa acusá-los. Levem uma vida pura e inculpável como filhos de Deus, brilhando como luzes resplandecentes num mundo cheio de gente corrompida e perversa”.
 
O candelabro de ouro era um item do tabernáculo judaico, construído em ouro puro. O ouro puro indica a origem Divina da igreja. Não se trata da denominação da qual fazemos parte, mas sim de pessoas que foram alcançadas pela graça de Jesus. A Igreja que são os chamados para fora é edificada pelo Senhor Jesus, e não por homens. As lâmpadas do candeeiro tinham que brilhar continuamente.
 
Quando lemos a mensagem de Jesus a cada uma das Igrejas na Ásia, percebe-se um padrão comum a todas as igrejas.
 
1- Cada uma das sete igrejas recebe uma mensagem específica de Jesus, elogiando suas boas obras, mas também apontando falhas e chamando ao arrependimento.
 
2- Em todas elas há uma promessa ao vencedor. No final da mensagem de Jesus à Éfeso por exemplo (versículo 7) diz: “Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus”.
Isso nos dá a entender que em todas as igrejas há uma luta espiritual acontecendo e que Deus deseja que aqueles que são seus experimentem a vitória espiritual.
 
3- Em todas elas há também uma exortação comum no final de cada mensagem dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça o que o Espírito diz às igrejas.” 
 
Segundo o teólogo Hernandes Dias Lopes, os estudiosos entendem que as cartas foram escritas para as igrejas perseguidas da época e também para a igreja no mundo todo “em todo tempo, em toda geografia”
 
O plural “diz às igrejas” sugere que, apesar de cada igreja ter a sua mensagem particular, o que Cristo diz às demais também deve ser considerado.
 
Depois de considerarmos todo este contexto vamos entender então a mensagem de Jesus a Igreja de Éfeso: A IGREJA QUE ABANDONOU O PRIMEIRO AMOR.
 
Contexto histórico: Éfeso era a cidade mais importante da Ásia sendo uma província romana muito próspera, pois ali havia o principal porto de toda Ásia Menor. (atualmente, parte da Turquia).
 
Éfeso era um centro cultural e religioso: nesta cidade estava localizado o templo da deusa Diana, ou a “Diana dos efésios”, cultuada pelos gregos como “Ártemis” e Diana pelos romanos. Inclusive o templo dedicado a esta divindade era tido como uma das maravilhas do mundo antigo. O templo de Diana era 3 vezes maior que o panteão de Atenas.
 
Segundo alguns comentaristas, “Éfeso era o centro de todas as práticas supersticiosas e era conhecida no mundo todo por suas artes mágicas”. 
 
É digno de nota que a estátua de Diana foi esculpida de um meteorito que caiu do céu. Eles achavam que estas pedras tinham poderes mágicos, algumas pessoas colecionavam estes artefatos dizendo que eles tinham poderes sobrenaturais.
 
Ao lermos um pouco da história da Igreja em Éfeso podemos perceber que:
 
1) Ela nasceu através de um avivamento espiritual e zelo missionário do apóstolo Paulo e outros de sua equipe. (Atos 19:11,12)
 
2) Ela era uma igreja que tinha uma liderança sólida de presbíteros, pastores e bispos. (Atos 20:28-31)
 
Ao lermos esta pequena mensagem de Jesus a Igreja em Éfeso podemos aprender e tirar as seguintes lições para a Igreja hoje
 
1- DEVEMOS RECONHECER A NOSSA VERDADEIRA CONDIÇÃO ESPIRITUAL.
 
Nem sempre reconhecemos a nossa verdadeira condição espiritual, assim como os cristãos em Éfeso. O nosso coração é enganoso e achamos que estamos bem como cristãos. Principalmente aqueles que têm muito tempo de vida na igreja, acabam se acostumando com as coisas espirituais de tal forma que nos tornamos religiosos cheios de arrogância.
 
Jesus ao comentar sobre a Igreja em Éfeso, faz até alguns elogios, pelas  virtudes que possuíam: (vs. 2, 3 e 6)
 
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
 
Este texto nos mostra pelo menos três virtudes:
 
a) Eles tinham boas obras – A igreja de Éfeso era ativa, ocupada no serviço de Deus e favor das pessoas.
 
b) Eles tinham perseverança–A Igreja em Éfeso tinha sido pressionada pela perseguição de homens maus e também pelos apóstatas que tentavam confundi-los, mas eles não se deixaram esmorecer!
 
c) Eles tinham firmeza doutrinária- No vs. 6 diz: “Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio”.
 
Irineu, um dos Pais da Igreja, dizia que os nicolaítas eram seguidores de Nicolau de Antioquia, um dos sete diáconos eleitos em Atos 6.5, e que logo depois se apostatou da fé. Mesmo depois de ter se apostatado, ele ainda exercia grande influência por onde passava. Aliás, Nicolau significa “aquele que conquista o povo” (Nike, raiz do nome Nicolau, vem do grego “conquistar”).
 
Mas apesar destas virtudes, Jesus os censurou por haver abandonado o principal: O Primeiro Amor.
 
4 “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor”.
 
Quantos de nós achamos que estamos muito bem espiritualmente, mas a nossa condição espiritual aos olhos daquele que tem chamas de fogo, que tudo vê, é bem diferente.
 
Jesus nos conhece bem, Ele sabe as nossas virtudes, mas conhece também as nossas mazelas, pecados e omissões.
 
A igreja em Éfeso, assim como muitas outras ao longo da história, não resistiu ao fator tempo. Com cerca de sessenta anos de fundação, se encontrava num estado de crise espiritual. Na verdade eles perderam a motivação do amor.
 
Jesus conhecia as obras deles, eles eram zelosos, perseverantes, mas, sabia exatamente aquilo que os motivava a serem tudo isso, não era mais o amor e sim apenas a religiosidade ou possivelmente pelo reconhecimento humano.
 
Paulo diz em sua carta aos Coríntios, que podemos fazer várias coisas, até mesmo coisas extraordinárias (vide 1Coríntos 13), até mesmo entregar o corpo a ser queimado como um mártir, mas se não tiver amor isso de nada vale.
 
O cristianismo sem amor é uma mera religião qualquer, com seus ritos, dogmas, templos e apelos. O que nos faz diferentes diante da religiosidade aí fora, é o amor ágape (sacrificial), ele deve ser nossa motivação, para sermos zelosos, perseverantes e doutrinariamente corretos.
 
Voltar ao primeiro amor não significa tão somente voltar ao entusiasmo inicial de nossa caminhada com Jesus. Voltar ao primeiro amor não é uma empolgação!
 
A palavra grega para “primeiro” é “protos”, se referindo à importância qualitativa e não cronológica.
 
Assim, o “primeiro” significa o “melhor” amor. É dar a Jesus em sua vida um “lugar de honra”, é deixar “que Ele assuma o lugar principal”.
 
Que Jesus ocupe o primeiro lugar em nossas vidas, que Ele ocupe a posição de principal, a posição de prioridade em nós!
 
Quando a nossa paixão e a devoção a Jesus diminuem, o primeiro amor por Ele já foi abandonado.
 
O Senhor encontrou muitas coisas boas entre os cristãos da igreja em Éfeso (cf. Ap 2.2-3), mas Ele em si não era mais o Melhor e Primeiro entre eles.
 
 
2- DEVEMOS FAZER O CAMINHO DE VOLTA AO PRIMEIRO AMOR.
 
O caminho de volta é proposto pelo próprio Jesus: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. (Apocalipse 2.5)
 
Cristo falou de três passos práticos que devemos dar a fim de voltarmos ao primeiro amor: a) “Lembra-te” de onde caíste; a) “Arrepende-te”; c) “Volta à prática das primeiras obras”.
 
a- O PRIMEIRO CONSELHO É UM ATO DE RECORDAÇÃO, “Lembra-te de onde caíste”. Precisamos lembrar-nos de onde nós caímos!
 
Existem algumas situações que podem nos levar a cair. E quando nós identificamos estas situações ou tomamos consciência delas, estamos dando o primeiro passo para voltarmos ao primeiro amor. Entre estas situações temos:
 
1- As distrações: O verbo distrair significa “desviar atenção de um ponto”. Lucas 21:34-36
 
34 Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço.
35 Pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face de toda a terra.
36 Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem.
 
Nesses últimos dias, as pessoas têm andado muito distraídas com a ilusão das riquezas, com a bebedice, a imoralidade e outros pecados e até mesmo com as preocupações da vida.
 
Tais pessoas, se não acordarem das suas distrações a tempo, serão pegas de surpresa naquele grande dia do arrebatamento.
 
2- O orgulho: Orgulho é uma declaração aberta de independência e de autonomia em relação à Deus.
 
“Orgulho é um afastamento de Deus, especificamente para obter satisfação em si mesmo” John Piper
 
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.” Provérbios 16:18
 
O orgulho já impediu que muitas pessoas se entregassem a Jesus como seu Salvador e Senhor pessoal como também muitos crentes de retornar aos caminhos do Senhor!
 
3-As amarguras: A amargura conforme o texto aos Hebreus 12:15, tem uma singularidade. Ela é como uma raiz que não fica exposta aos olhos humanos, pois ela é interna.
 
 “atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” Hebreus 12.15
 
A amargura é aquele sentimento escondido de raiva, de indignação, tristeza e desejo de vingança. Ela pode ser direcionada tanto a pessoas quanto para com Deus.
 
Quando nos deparamos com pessoas críticas, maliciosas, pessimistas e duras, estamos apenas enxergando a árvore, a raiz disso tudo pode ter a origem na amargura.
    
b- O SEGUNDO CONSELHO É PARA ARREPENDER-SE.
“Arrepende-te”
 
Não basta reconhecer o que nos levou a cair, é preciso sentir dor por ter perdido o primeiro amor; lamentar, chorar e clamar o perdão de Deus e reconhecer que isto é mais do que desânimo, ou qualquer outra crise emocional. É um pecado de desamor, de desinteresse para com Deus.
 
Arrependimento é entender que eu estou errado e Deus está certo e agir diante desta realidade. No entanto, o que marca o arrependimento genuíno não é o choro, e sim a mudança de postura e de conduta.
 
Deus não se importa com o tanto que choramos, mas o quanto nós mudamos.
 
Clame a Deus por uma mudança significativa em sua vida. Peça a Ele um coração puro e espírito reto.
 
c- MAS O TERCEIRO CONSELHO É PARA VOLTAR A PRATICAR O QUE DEIXOU.
 
“volta à prática das primeiras obras”
 
Seria o mesmo que dizer: confirma o teu arrependimento.
 
Portanto, não basta apenas lembrar o que nos fez cair, temos que voltar a fazer aquilo que abandonamos.
 
Estas primeiras obras não são o primeiro amor em si, mas estão atreladas à ele.
 
- As primeiras obras é uma forma de expressar o nosso amor a Deus,
 
- As primeiras obras é uma forma de alimentar o nosso amor por Deus,
 
- As primeiras obras têm haver com a forma como o buscávamos e também a maneira como o servíamos.
 
Note que Jesus não protestou dizendo que os efésios não o amavam mais, e sim que já não amavam como o faziam antes.
 
Precisamos mais do que reconhecer nossa perda, precisamos voltar a agir como no início da caminhada com Cristo.
 
É tempo de resgatar nosso amor ao Senhor e dar-lhe nada menos que amor total.
 
Precisamos refazer o caminho feito pelo Filho pródigo. Arrependimento, confissão, Perdão, Restituição. Volte ao primeiro amor.
 
 
CONCLUSÃO:
 
JESUS PROMETE RECOMPENSAR AOS VENCEDORES (VS. 7)
 
7Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
 
O Senhor tem promessa para aqueles que voltam ao primeiro amor! Estes são chamados de vencedores!
 
Não adianta nada sermos vencedores aos olhos humanos em nossa carreira profissional, se não vencermos em nossa caminha com Jesus!
 
Vencer deve ser o alvo de todo o sincero cristão. O povo de Deus é encorajado a vencer todos os males do pecado, para que, ao final, na vinda gloriosa do Senhor, receber a vida eterna e a recompensa!
 
Voltar ao primeiro amor não é tão simples assim! Creio que esta volta não é instantânea e nem tão pouco fácil. Ela faz parte de um processo gradativo.
 
Por várias vezes na bíblia encontramos um anseio de Deus pela nossa volta! Pelo nosso arrependimento!
 
Oséias 14:1,2
 
1 Volta, ó Israel, para o SENHOR, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído.
2 Tende convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao SENHOR; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade, aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios
 
 
Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista Catalão-GO
 
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

A VISÃO DE CRISTO GLORIFICADO


TEXTO: APOCALÍPSE 1:9-20
 9 Eu, João, irmão e companheiro de vocês no sofrimento, no reino e na perseverança em Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
10 No dia do Senhor, eu estava em Espírito e ouvi atrás de mim uma forte voz, como de trombeta,
11 que dizia: ― Escreva em um livro o que você vê e envie a estas sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.
12 Voltei‑me para ver de quem era a voz que falava comigo. Voltando‑me, vi sete candelabros de ouro
13 e, entre os candelabros, alguém semelhante a um filho de homem, vestido com uma túnica que chegava aos pés e um cinto de ouro ao redor do peito.
14 A cabeça e os cabelos eram brancos como a lã, tão brancos como a neve; os olhos, como chama de fogo.
15 Os pés eram como o bronze reluzente em uma fornalha ardente, e a voz, como o som de muitas águas.
16 Na mão direita, ele tinha sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. O seu semblante era como o sol quando brilha em todo o esplendor.
17 Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então, ele colocou a mão direita sobre mim e disse:
― Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último.
18 Sou Aquele que Vive. Estive morto, mas agora estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do Hades.
19 ― Escreva, pois, as coisas que você viu: as coisas que são e as que hão de vir depois destas.
20 O mistério das sete estrelas que você viu na minha mão direita e dos sete candelabros de ouro é este: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas.
 
Introdução: Graça e Paz irmãos! Eu quero compartilhar com vocês uma palavra que ardeu em meu coração nesta semana. Trata-se da Visão de Cristo Glorificado. Creio que a igreja em nosso tempo precisa entender esta visão e aplica-la em sua vida, principalmente em razão da grande banalização e falta de temor sobre o nome de Jesus e sua pessoa.
 
A visão de Cristo Glorificado é descrita no capítulo 1 do livro de Apocalipse, quando João em êxtase teve uma visão de Jesus na ilha de Patmos. Para entendermos melhor este texto é importante sabermos um pouco sobre o livro de Apocalipse, conhecido também como o livro da revelação de Jesus Cristo.
 
O livro de apocalipse foi escrito em um período de grande perseguição aos cristãos pelo império Romano. Domiciano intensificou a perseguição que já era terrível durante o governo de Nero. Ele se autodenominou “nosso senhor e deus Domiciano” e exigia que todos o chamassem assim. Implacável e cruel, ele exilou João na ilha de Patmos, no Mar Egeu, cerca de cem quilômetros a Sudeste de Éfeso. Patmos era uma colônia penal de Roma na costa da Ásia Menor.
 
É importante que se diga que todos os apóstolos foram perseguidos e martirizados por pregarem a Jesus Cristo ressurreto. A única exceção foi João, que foi exilado na Ilha de Patmos.
 
 “Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.”  Apocalipse 1:9
 
Ali ele recebe a revelação do próprio Senhor Jesus. (Apocalipse 1:1,2)
 
1 Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João,
2 o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.
 
Cristo se apresenta na forma exaltada para João. A bíblia diz que o apóstolo se viu em um estado de êxtase ou sob o poder do Espírito, quando ouviu uma voz como de trombeta, uma forma de descrever o falar de um som sobrenatural e majestoso.
 
Essa voz lhe ordenou que escrevesse toda visão e enviasse às sete igrejas da Ásia, representadas pelos sete candeeiros (candelabros) de ouro. A sete igrejas eram: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. (atual região ocidental da Turquia.)
 
Creio que além de serem cartas direcionadas a comunidades cristãs específicas, as sete Igrejas da Ásia, também têm uma dimensão simbólica e profética para a Igreja Cristã em todos os tempos. Por isso, a visão de Cristo em glória é relevante para nós também!
 
Dificilmente as pessoas conseguem enxergar a Jesus em sua forma exaltada em glória. As pessoas normalmente tem a visão de Jesus como um bebê na manjedoura por ocasião do natal ou aquele Jesus retratado em seu sofrimento na cruz.
 
O que João vê agora não é mais um Cristo como o servo sofredor retratado por Isaías, preso, esbofeteado, com o rosto cuspido, mas o Cristo cheio de glória, vencedor da morte e que Reina eternamente!
 
Os cristãos da Ásia Menor poderiam estar se sentindo abandonados, à mercê do tirano de Roma, assim como muitos cristãos em nosso tempo que são perseguidos e mortos por causa do evangelho, mas, eis que o Cristo ressurreto surge naquela visão, para mostrar ao seu povo que Ele continua vivo e mais que isso, que ele está com os seus e no tempo certo trará a justiça e Reinará pelos séculos dos séculos.
 
Quando João se voltou para ver quem falava com ele, viu em primeiro lugar os candeeiros de ouro. No santo lugar do templo dos judeus havia um único candelabro, com sete lâmpadas
 
Na visão de João os candeeiros representam a Igreja, que agora é a luz do mundo. É para isso que existimos! Sermos a luz deste mundo, amém?
 
Os candeeiros são feitos de ouro, indicando preciosidade. No oriente antigo ao ouro se vinculava certo censo de caráter sagrado e até mesmo de divindade. O ouro é um metal que fala de: grande valor, duração, incorruptibilidade e força.
 
É disso que consiste o evangelho de Cristo! O evangelho transforma os homens, as mulheres, em ouro. Transforma prostituas em santas, ladrões e assassinos em novos seres, em novas criações. Transforma a mim e a você em Filhos de Deus, totalmente rejuvenescidos pela sua Graça.
 
E no meio dos candeeiros está Jesus Cristo. Este fato de estar no meio significa não apenas presença, mas sua permanente proteção e orientação. A Igreja não está abandonada, não está sozinha, Cristo está entre nós, com seu poder e glória!
 
A SEGUIR VEREMOS COMO JESUS É DESCRITO NESTA VISÃO E O QUE ISSO IMPLICA PARA CADA UM DE NÓS:
 
1- NESTA VISÃO JESUS POSSUI UMA VESTE LONGA E UM CINTO DE OURO AO REDOR DE SEU PEITO.
 
13 e, entre os candelabros, alguém semelhante a um filho de homem, vestido com uma túnica que chegava aos pés e um cinto de ouro ao redor do peito.
 
a- Jesus é descrito como alguém que usa vestes talares, ou seja, suas vestes eram longas e flutuantes, estendendo-se até os pés.
 
Tais vestes eram usadas pelos reis e pelos sacerdotes.
 
Como Sumo Sacerdote, Jesus é o nosso Mediador - leva ao Pai as nossas causas e intercede por nós. Como Sumo Sacerdote, perdoa nossos pecados. (Hebreus 4:14-16)
 
14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
 
Como Rei, é incontestável em tudo o que decide, em tudo o que determina. Como Rei, nos prostramos aos Seus pés, nos submetemos a Ele como o Senhor de nossas vidas e o adoramos.
 
Apoc. 19:16  “Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores”.
 
b- Jesus é descrito aqui portando um cinto de ouro ao redor do peito.
 
Flavio Josefo, grande historiador do início da era cristã, afirma que o cinto normalmente era usado na altura da cintura, mas os sacerdotes o usavam na altura do peito, conforme se vê neste versículo.
 
O cinto de ouro indica poder, dignidade, retidão e veracidade. Isso nos mostra que o filho do homem que aparece na visão a João é alguém cheio de poder, aquele que é totalmente digno, inteiramente reto e verdadeiro.
 
Os antigos sacerdotes passaram, morreram e seu trabalho não tem mais relevância hoje. Mas o sacerdócio de Cristo subsiste e subsistirá para sempre.
 
Hebreus 5:6-10 “como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”.
 
2- NESTA VISÃO JESUS TEM A CABEÇA E CABELOS BRANCOS COMO A LÁ E OS OLHOS COMO CHAMAS DE FOGO.
 
14 A cabeça e os cabelos eram brancos como a lã, tão brancos como a neve; os olhos, como chama de fogo.
 
Essas palavras podem ser comparadas a Daniel 7.9 onde o mesmo foi dito sobre Deus o Pai que aparece trajado de branco como a neve.
 
“Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente”.
 
Isso é, sem dúvida alguma, uma clara indicação da divindade de Jesus Cristo. Ele é Deus. Sempre foi Deus e sempre será Deus. Aleluia!!!
 
a- A cor branca em sua cabeça e cabelos mostra a dignidade da idade avançada, e simbolizam a sabedoria, dignidade e honra. Isso nos constrange a termos profundo respeito e obediência aos seus ensinos.
 
“mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” 1 Coríntios 1:24
 
b- Os olhos como chamas de fogo nos fala de sua onisciência, poder e autoridade. Esse olhar penetra e sonda o nosso interior, de tal forma que é impossível nos esconder.
 
“E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.” Romanos 8:27
 
 
3- NESTA VISÃO OS SEUS PÉS SÃO COMO BRONZE RELUZENTE E SUA VOZ COMO A DE MUITAS ÁGUAS.
 
15 Os pés eram como o bronze reluzente em uma fornalha ardente, e a voz, como o som de muitas águas.
 
a- Os pés, semelhantes ao bronze reluzindo (polido), representam a ideia do juízo de Cristo, sobretudo da sua força esmagadora, quando irá subjugar todos os Seus inimigos debaixo dos Seus pés. 
 
 
b- A sua voz como a de muitas águas é tão forte como uma cascata capaz de silenciar todas as outras vozes. Não há voz de contestação no juízo de Deus, não haverá réplica ou tréplica, porque a voz de todos emudecerá, diante da majestade de Cristo. A única voz que se ouvirá será a do Supremo Juiz, potente, majestosa, cheia de autoridade e soberania.
 
“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.” João 12:48
 
4- NESTA VISÃO JESUS TEM NA SUA MÃO DIREITA AS SETE ESTRELAS E DA SUA BOCA SAÍA UMA ESPADA AFIADA DE DOIS GUMES. O SEU ROSTO BRILHAVA COMO O SOL EM TODO O SEUS EXPLENDOR.
 
16 Na mão direita, ele tinha sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. O seu semblante era como o sol quando brilha em todo o esplendor.
 
a- O que são as 7 estrelas?
 
A resposta para essa pergunta está no próprio livro do apocalipse. O versículo 20 do capítulo 1 nos revela o que são as sete estrelas e os sete castiçais de ouro.
 
“Este é o mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas".
 
Porque Jesus disse que as sete estrelas são os sete anjos das sete igrejas?
 
Será que existe um anjo guardião de cada igreja? A expressão aqui é “anggellos” que significa mensageiro.
 
b- A mão direita é a mão do agir, a mão que governa e determina. É Jesus quem deve governar e determinar o que os pastores (os mensageiros aqui) devem fazer. Estando as sete estrelas em sua mão direita, significa que estão completamente sujeitas a Cristo, para serem usadas em Seu trabalho.
 
Daniel 12:3 nos confirma essa afirmação dizendo que os que vivem retamente e os que ganham almas brilharão como estrelas.
 
“ Aqueles que são sábios reluzirão como o brilho do céu, e aqueles que conduzem muitos à justiça serão como as estrelas, para todo o sempre”. Daniel 12:3
 
c- A espada afiada de dois gumes que sai de sua boca
 
A Palavra que sai da boca de Cristo Glorificado é como uma espada de dois gumes. Ela é a Palavra de Deus a espado do Espírito (afiada dos dois lados), ela penetra facilmente nos corações, mas também corta em todas as direções. (Hb 12)
 
Por Sua Palavra ele cumprirá o seu julgamento do qual ninguém em toda a terra poderá escapar.
 
“no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho”. Romanos 2:16
 
d-  O seu rosto era como o sol em todo o seu resplendor.
 
O rosto de Jesus estampava o brilho intenso da glória e da santidade de Deus e aponta para a Sua divindade. 
 
CONCLUSÃO: Qual foi a reação de João diante do Cristo glorificado?
 
17 Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então, ele colocou a mão direita sobre mim e disse: ― Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último.
 
É impossível ver a glória de Deus sem prostrar-se aos Seus pés!
 
A igreja também se prostra quando tem uma visão da glória do Seu Senhor! É lamentável que tantas pessoas banalizem a glória de Deus, simulando uma queda pelo poder do Espirito.
 
O Cristo que sustenta a igreja é o mesmo que vai tocar e dizer aos que desfalecem diante da Sua glória: “Não temas, eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno”. (Ap 1.18)
 
O verso 18 alude a grande vitória de Cristo que foi sua ressurreição.! E ele tem a chave da morte e do unferno (hades). Ter as chaves indica o controle sobre algo, a fim de abri-lo ou fechá-lo.
 
A morte transforma tudo, mas Cristo veio alterar o conceito inteiro da morte; ela resulta, finalmente, em vida, devido ao poder transformador de Jesus.
 
A morte física separa a alma do corpo; a morte espiritual separa o espírito humano de Deus. Mas Cristo transformou a morte em portal da vida eterna.
 
A Igreja precisa desesperadamente de uma visão de Cristo exaltado em glória para prosseguir em sua missão de iluminar este mundo em trevas, para viver em santidade e santo temor em Sua presença.
 
 
Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista em Catalão-GO