ÉFESO – A IGREJA QUE ABANDONOU O PRIMEIRO AMOR
Texto:
Apocalipse 2:1-7
1 Ao
anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão
direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
2
Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não
podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram
apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens
perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste
esmorecer.
4 Tenho,
porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
5
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras
obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não
te arrependas.
6 Tens,
contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também
odeio.
7 Quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que
se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
Introdução:
Graça e Paz irmãos! Semana passada o Senhor nos trouxe uma Palavra sobre a
Visão de Cristo glorificado em baseada no capítulo 1 do livro de Apocalipse.
Creio
que todos nós fomos impactados por esta visão e motivados a sermos realmente
uma igreja cuja função é iluminar este mundo de trevas com a luz de Jesus. Por
isso, as 7 igrejas da Ásia são chamadas de candeeiros de ouro. Como igreja nós
devemos refletir a luz da presença de Deus neste mundo.
Paulo
falando à Igreja em Filipenses 2:14,15 nos exorta exatamente a sermos estes
luzeiros no mundo:
“Façam tudo sem queixas nem discussões, de modo que
ninguém possa acusá-los. Levem uma vida pura e inculpável como filhos de Deus,
brilhando como luzes resplandecentes num mundo cheio de gente corrompida e
perversa”.
O
candelabro de ouro era um item do tabernáculo judaico, construído em ouro puro.
O ouro puro indica a origem Divina da igreja. Não se trata da denominação da
qual fazemos parte, mas sim de pessoas que foram alcançadas pela graça de
Jesus. A Igreja que são os chamados para fora é edificada pelo Senhor Jesus, e
não por homens. As lâmpadas do candeeiro tinham que brilhar continuamente.
Quando lemos a mensagem de Jesus a cada uma das Igrejas na
Ásia, percebe-se um padrão comum a todas as igrejas.
1- Cada uma das sete igrejas recebe uma mensagem
específica de Jesus, elogiando suas boas obras, mas também apontando falhas e
chamando ao arrependimento.
2- Em
todas elas há uma promessa ao vencedor. No final da mensagem de Jesus à Éfeso por exemplo
(versículo 7) diz: “Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da
vida que se encontra no paraíso de Deus”.
Isso
nos dá a entender que em todas as igrejas há uma luta espiritual acontecendo e
que Deus deseja que aqueles que são seus experimentem a vitória espiritual.
3- Em todas elas há também uma exortação comum no final de
cada mensagem dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça o que o Espírito
diz às igrejas.”
Segundo
o teólogo Hernandes Dias Lopes, os estudiosos entendem que as cartas foram
escritas para as igrejas perseguidas da época e também para a igreja no mundo
todo “em todo tempo, em toda geografia”
O
plural “diz às igrejas” sugere que, apesar de cada igreja ter a sua mensagem
particular, o que Cristo diz às demais também deve ser considerado.
Depois
de considerarmos todo este contexto vamos entender então a mensagem de Jesus a
Igreja de Éfeso: A IGREJA QUE ABANDONOU O PRIMEIRO AMOR.
Contexto histórico: Éfeso era a cidade mais importante da
Ásia sendo uma província romana muito próspera, pois ali havia o principal
porto de toda Ásia Menor. (atualmente, parte da Turquia).
Éfeso era um centro
cultural e religioso:
nesta cidade estava localizado o templo da deusa Diana, ou a “Diana dos
efésios”, cultuada pelos gregos como “Ártemis” e Diana pelos romanos. Inclusive
o templo dedicado a esta divindade era tido como uma das maravilhas do mundo
antigo. O templo de Diana era 3 vezes maior que o panteão de Atenas.
Segundo
alguns comentaristas, “Éfeso era o centro
de todas as práticas supersticiosas e era conhecida no mundo todo por suas
artes mágicas”.
É
digno de nota que a estátua de Diana foi esculpida de um meteorito que caiu do
céu. Eles achavam que estas pedras tinham poderes mágicos, algumas pessoas
colecionavam estes artefatos dizendo que eles tinham poderes sobrenaturais.
Ao lermos um pouco da história da Igreja em Éfeso podemos
perceber que:
1) Ela nasceu através de um avivamento espiritual e zelo
missionário do apóstolo Paulo e outros de sua equipe. (Atos 19:11,12)
2) Ela era uma igreja que tinha uma liderança sólida de
presbíteros, pastores e bispos. (Atos 20:28-31)
Ao
lermos esta pequena mensagem de Jesus a Igreja em Éfeso podemos aprender e
tirar as seguintes lições para a Igreja hoje
1- DEVEMOS RECONHECER A NOSSA VERDADEIRA
CONDIÇÃO ESPIRITUAL.
Nem sempre reconhecemos a nossa verdadeira condição espiritual,
assim como os cristãos em Éfeso. O nosso coração é enganoso e achamos que
estamos bem como cristãos. Principalmente aqueles que têm muito tempo de vida
na igreja, acabam se acostumando com as coisas espirituais de tal forma que nos
tornamos religiosos cheios de arrogância.
Jesus ao comentar sobre a Igreja em Éfeso, faz até alguns
elogios, pelas virtudes que possuíam:
(vs. 2, 3 e 6)
2 Conheço as tuas obras,
tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens
maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são,
e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e
suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
6 Tens, contudo, a teu favor que odeias
as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
Este texto nos mostra
pelo menos três virtudes:
a)
Eles tinham boas obras – A igreja de
Éfeso era ativa, ocupada no serviço de Deus e favor das pessoas.
b)
Eles tinham perseverança–A Igreja em
Éfeso tinha sido pressionada pela perseguição de homens maus e também pelos
apóstatas que tentavam confundi-los, mas eles não se deixaram esmorecer!
c)
Eles tinham firmeza doutrinária- No
vs. 6 diz: “Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as
quais eu também odeio”.
Irineu,
um dos Pais da Igreja, dizia que os nicolaítas eram seguidores de Nicolau de
Antioquia, um dos sete diáconos eleitos em Atos 6.5, e que logo depois se
apostatou da fé. Mesmo depois de ter se apostatado, ele ainda exercia grande
influência por onde passava. Aliás, Nicolau significa “aquele que conquista o
povo” (Nike, raiz do nome Nicolau, vem do grego “conquistar”).
Mas apesar destas virtudes, Jesus os censurou por haver
abandonado o principal: O Primeiro Amor.
4 “Tenho, porém, contra
ti que abandonaste o teu primeiro amor”.
Quantos de nós achamos que estamos muito bem
espiritualmente, mas a nossa condição espiritual aos olhos daquele que tem
chamas de fogo, que tudo vê, é bem diferente.
Jesus
nos conhece bem, Ele sabe as nossas virtudes, mas conhece também as nossas
mazelas, pecados e omissões.
A
igreja em Éfeso, assim como muitas outras ao longo da história, não resistiu ao
fator tempo. Com cerca de sessenta anos de fundação, se encontrava num estado
de crise espiritual. Na verdade eles perderam a motivação do amor.
Jesus
conhecia as obras deles, eles eram zelosos, perseverantes, mas, sabia
exatamente aquilo que os motivava a serem tudo isso, não era mais o amor e sim
apenas a religiosidade ou possivelmente pelo reconhecimento humano.
Paulo
diz em sua carta aos Coríntios, que podemos fazer várias coisas, até mesmo
coisas extraordinárias (vide 1Coríntos 13), até mesmo entregar o corpo a ser
queimado como um mártir, mas se não tiver amor isso de nada vale.
O
cristianismo sem amor é uma mera religião qualquer, com seus ritos, dogmas,
templos e apelos. O que nos faz diferentes diante da religiosidade aí fora, é o
amor ágape (sacrificial), ele deve ser nossa motivação, para sermos zelosos,
perseverantes e doutrinariamente corretos.
Voltar
ao primeiro amor não significa tão somente voltar ao entusiasmo inicial de nossa
caminhada com Jesus. Voltar ao primeiro amor não é uma empolgação!
A palavra grega para
“primeiro” é “protos”, se referindo à importância qualitativa e não
cronológica.
Assim, o “primeiro”
significa o “melhor” amor. É dar a
Jesus em sua vida um “lugar de honra”, é deixar “que Ele assuma o lugar
principal”.
Que Jesus ocupe o
primeiro lugar em nossas vidas, que Ele ocupe a posição de principal, a posição
de prioridade em nós!
Quando
a nossa paixão e a devoção a Jesus diminuem, o primeiro amor por Ele já foi
abandonado.
O
Senhor encontrou muitas coisas boas entre os cristãos da igreja em Éfeso (cf.
Ap 2.2-3), mas Ele em si não era mais o Melhor e Primeiro entre eles.
2- DEVEMOS FAZER O CAMINHO DE VOLTA AO PRIMEIRO
AMOR.
O
caminho de volta é proposto pelo próprio Jesus: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das
primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro,
caso não te arrependas”.
(Apocalipse 2.5)
Cristo
falou de três passos práticos que devemos dar a fim de voltarmos ao primeiro
amor: a) “Lembra-te” de onde caíste; a) “Arrepende-te”; c)
“Volta à prática das primeiras obras”.
a- O PRIMEIRO CONSELHO É
UM ATO DE RECORDAÇÃO, “Lembra-te de onde caíste”. Precisamos lembrar-nos de
onde nós caímos!
Existem algumas situações que podem nos levar a cair. E quando nós identificamos estas
situações ou tomamos consciência delas, estamos dando o primeiro passo para
voltarmos ao primeiro amor. Entre estas situações temos:
1-
As distrações: O verbo distrair significa “desviar
atenção de um ponto”. Lucas 21:34-36
34 Acautelai-vos por vós
mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com
as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para
que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço.
35 Pois há de sobrevir a
todos os que vivem sobre a face de toda a terra.
36 Vigiai, pois, a todo
tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de
suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem.
Nesses últimos dias, as
pessoas têm andado muito distraídas com a ilusão das riquezas, com a bebedice,
a imoralidade e outros pecados e até mesmo com as preocupações da vida.
Tais pessoas, se não
acordarem das suas distrações a tempo, serão pegas de surpresa naquele grande
dia do arrebatamento.
2-
O orgulho: Orgulho
é uma declaração aberta de independência e de autonomia em relação à Deus.
“Orgulho
é um afastamento de Deus, especificamente para obter satisfação em si mesmo” John Piper
“A soberba precede a
ruína, e a altivez do espírito, a queda.” Provérbios 16:18
O orgulho já impediu que
muitas pessoas se entregassem a Jesus como seu Salvador e Senhor pessoal como
também muitos crentes de retornar aos caminhos do Senhor!
3-As
amarguras: A
amargura conforme o texto aos Hebreus 12:15, tem uma singularidade. Ela é como
uma raiz que não fica exposta aos olhos humanos, pois ela é interna.
“atentando, diligentemente, por que ninguém
seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura
que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados”
Hebreus 12.15
A
amargura é aquele sentimento escondido de raiva, de indignação, tristeza e
desejo de vingança. Ela pode ser direcionada tanto a pessoas quanto para com
Deus.
Quando
nos deparamos com pessoas críticas, maliciosas, pessimistas e duras, estamos
apenas enxergando a árvore, a raiz disso tudo pode ter a origem na amargura.
b- O SEGUNDO CONSELHO É
PARA ARREPENDER-SE.
“Arrepende-te”
Não
basta reconhecer o que nos levou a cair, é preciso sentir dor por ter perdido o
primeiro amor; lamentar, chorar e clamar o perdão de Deus e reconhecer que isto
é mais do que desânimo, ou qualquer outra crise emocional. É um pecado de
desamor, de desinteresse para com Deus.
Arrependimento
é entender que eu estou errado e Deus está certo e agir diante desta realidade.
No entanto, o que marca o arrependimento genuíno não é o choro, e sim a mudança
de postura e de conduta.
Deus
não se importa com o tanto que choramos, mas o quanto nós mudamos.
Clame
a Deus por uma mudança significativa em sua vida. Peça a Ele um coração puro e espírito
reto.
c-
MAS O TERCEIRO CONSELHO É PARA VOLTAR A PRATICAR O QUE DEIXOU.
“volta
à prática das primeiras obras”
Seria
o mesmo que dizer: confirma o teu arrependimento.
Portanto,
não basta apenas lembrar o que nos fez cair, temos que voltar a fazer aquilo
que abandonamos.
Estas primeiras obras não
são o primeiro amor em si, mas estão atreladas à ele.
-
As primeiras obras é uma forma de expressar o nosso amor a Deus,
-
As primeiras obras é uma forma de alimentar o nosso amor por Deus,
-
As primeiras obras têm haver com a forma como o buscávamos e também a maneira
como o servíamos.
Note
que Jesus não protestou dizendo que os efésios não o amavam mais, e sim que já
não amavam como o faziam antes.
Precisamos
mais do que reconhecer nossa perda, precisamos voltar a agir como no início da
caminhada com Cristo.
É
tempo de resgatar nosso amor ao Senhor e dar-lhe nada menos que amor total.
Precisamos refazer o
caminho feito pelo Filho pródigo. Arrependimento,
confissão, Perdão, Restituição. Volte ao primeiro amor.
CONCLUSÃO:
JESUS PROMETE RECOMPENSAR AOS VENCEDORES (VS. 7)
7Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da
vida que se encontra no paraíso de Deus.
O
Senhor tem promessa para aqueles que voltam ao primeiro amor! Estes são
chamados de vencedores!
Não
adianta nada sermos vencedores aos olhos humanos em nossa carreira
profissional, se não vencermos em nossa caminha com Jesus!
Vencer
deve ser o alvo de todo o sincero cristão. O povo de Deus é encorajado a vencer
todos os males do pecado, para que, ao final, na vinda gloriosa do Senhor,
receber a vida eterna e a recompensa!
Voltar
ao primeiro amor não é tão simples assim! Creio que esta volta não é
instantânea e nem tão pouco fácil. Ela faz parte de um processo gradativo.
Por várias vezes na
bíblia encontramos um anseio de Deus pela nossa volta! Pelo nosso
arrependimento!
Oséias 14:1,2
1 Volta, ó Israel, para o
SENHOR, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído.
2 Tende convosco palavras
de arrependimento e convertei-vos ao SENHOR; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade,
aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios
Pr. Gilberto Oliveira
Rehder
Igreja Metodista
Catalão-GO
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