sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Aos que desejam acabar com o Natal


Estamos chegando perto de mais um Natal. O mundo evangélico se divide em opiniões contrárias e favoráveis à sua comemoração. Desde a minha conversão na década de 80 a igreja que me acolheu (a Igreja Metodista em Santo Amaro-SP), comemorou o Natal. Nesta época não se falava da "paganização do Natal" e aproveitávamos este período para cantarmos com o nosso coral nas praças e evangelizarmos falando sempre da manifestação do amor de Deus ao mundo através da vinda da Jesus. Recomendo este artigo do Rev. Daniel Rocha, para que você reflita no assunto.

Essa época do ano é muito rica em estudos e mensagens acerca do Natal. Mas, incrivelmente, nos arraiais evangélicos da Internet tornou-se bastante comum a inserção de matérias contra o Natal, procurando demonstrar sua origem pagã, seus símbolos controversos, seu desvirtuamento, a escolha do 25 de dezembro, etc.
Pretendo ser uma voz destoante nesse rio caudaloso. Em primeiro lugar, devo dizer que nasci em lar evangélico, numa igreja protestante tradicional, cantando e ouvindo belíssimos hinos natalinos dos séculos XVIII e XIX, e posso garantir que trago maravilhosas lembranças dessa época. De alguma forma, pretendo perpetuar aos meus descendentes aqueles sentimentos e evocações, que fazem parte de minha formação cristã, e que contribuiram para me tornar um ser humano melhor.
Um dos argumentos usados contra a comemoração do Natal é sobre sua "origem pagã", ou seja, tratava-se originalmente de uma festa dos povos pagãos, quando se iniciava o solstício de inverno, até que o imperador Constantino converteu-se ao cristianismo, passando então, a comemorar-se o nascimento de Cristo.
Aos meus olhos, entretanto, o Natal tem uma origem bem anterior, mais precisamente três séculos antes de Constantino, quando numa noite escura um anjo do Senhor desceu aonde pastores guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite, e disse a eles:
-"Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria,
que será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade
de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor" (Lc2.10-11)
Deus estava ali enviando um mensageiro dos céus para dizer que estava ocorrendo o maior acontecimento na história da humanidade: nascia aquele que haveria de redimir as nações, aquele que veio trazer luz às trevas, aquele que haveria de mudar completamente nossas vidas, aquele que seria chamado de Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
E para mostrar a grandiosidade do acontecimento, um grande coral da milícia celestial apareceu no céu, iluminando a noite escura, louvando a Deus e dizendo: "Glória a Deus nas alturas..."
É pouca coisa isso? Não é um evento digno de ser comemorado por todos aqueles que crêem? Ora, a Igreja é a comunidade de fé que celebra a Cristo e Seu Reino! A igreja é, por excelência, um centro de celebrações: enfeitamos nossas igrejas para os casamentos e convidamos os familiares e os irmãos para os aniversários. É na igreja que comemoramos o Dia de Pentecostes, o Dia da Ressurreição de Cristo, o Dia de Ação de Graças, o Dia do Pastor, o Aniversário da Sociedade de Mulheres, o Aniversário da Igreja, as Bodas de Prata e de Ouro de nossos membros, o Aniversário do netinho, os 15 anos da filhinha....
Creio que por uma questão de coerência, os que defendem a não comemoração do Natal, também devem deixar de celebrar essas datas.
Nós vivemos dos acontecimentos cotidianos, mas também de acontecimentos especiais e marcantes em nossas vidas, vivemos de memórias e celebrações. Sem a lembrança das coisas passadas, dos eventos alegres e significativos, tornamo-nos duros, secos, e esquecemo-nos dos feitos do Senhor. O salmista nos ensina: "Recordarei os feitos do Senhor, sim, me lembrarei das tuas maravilhas" (Sl 77.11).
O nascimento do Salvador foi profetizado e ansiosamente aguardado por todo o Antigo Testamento. Esse dia, para os antigos, foi tão sonhado, que todos os profetas o celebraram por antecipação. E porque nós não haveríamos de comemorar o cumprimento dessa grandiosa promessa?
Fiquei imaginando se fosse eu um dos pastores que estivesse ali no campo junto ao rebanho e tivesse a oportunidade de contemplar Aquele que veio para me resgatar. Com certeza eu voltaria para casa naquela noite de uma forma diferente, e minha vida nunca mais seria a mesma, pois meus olhos teriam contemplado o Rei dos reis. A história "daquele dia" seria repetida durante toda a minha vida e, todos os anos, naquela data, reuniria meus familiares, enfeitaria minha casa, pegaria meu filho ao colo, entoaria o cântico de exaltação que os anjos me ensinaram e, quando meu pequeno perguntasse o porquê de tudo aquilo, eu diria: -"Filho, estou rememorando o nascimento mais sublime que o mundo já viu".
Obviamente não concordo com a comemoração que o mundo faz do Natal. O mundo, por não reconhecer a Cristo como Senhor e Salvador não tem o direito de celebrar seu nascimento. Agora, se o mundo comemora o Natal de forma errada, cabe a nós, Igreja, mostrar o verdadeiro sentido da comemoração, e não suprimi-la. É como jogar fora a água suja com a criança dentro.
Outro argumento muito usado contra a celebração do Natal é relativo à data de 25 de dezembro. Essa era a data do Sol Invictus, irão dizer, e além disso, "não sabemos se Jesus nasceu realmente nesse dia".
Não vejo impedimento que uma data dedicada a uma celebração pagã seja transformada numa celebração cristã. Particularmente, ficaria muito feliz se uma conversão em massa do nosso país transformasse a semana do Carnaval em uma grande festa de crentes que agora celebrariam, não mais a carne, mas ação do Espírito Santo em suas vidas. Alguém se oporia?
Paulo, quando esteve em Atenas, não teve pudores ao dizer que "O DEUS DESCONHECIDO" que os atenienses adoravam era precisamente o Cristo que ele estava anunciando!
Agora, já não é mais o Sol Invictus dos pagãos, mas Jesus, o Sol da nossa justiça. É a vitória do cristianismo sobre o paganismo, da luz sobre as trevas.
Com relação ao fato de 25 de dezembro não ser a data real do nascimento de Jesus, não impede que comemoremos seu natalício. Em minha igreja há algumas pessoas que nasceram em um dia mas comemoram seu aniversário em outra data. E nem por isso a comemoração é menos verdadeira ou sem sentido.
Eu e minha família proclamamos a Cristo o ano inteiro, e a partir do domingo do Advento iluminamos nossa casa com luzes coloridas, no dia 24 participamos da Cantata de Natal, ceamos e no dia 25 reunimo-nos todos numa abençoada tradição familiar. Por que? Porque Cristo nasceu um dia em nossas vidas, nos sustenta e nos abençoa. Os símbolo e enfeites que, no passado, apontavam para falsos deuses, hoje, entretanto, a estrela, a guirlanda e o castiçal com as velas do Advento apontam para um só: Cristo!
Um feliz natal a todos que crêem no Senhor Jesus!

Daniel Rocha
Pastor da Igreja Metodista em Itaberaba, e psicólogo
dadaro@uol.com.br

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