terça-feira, 4 de junho de 2019

O QUE OS DISCÍPULOS APRENDEM COM O LAVA PÉS?



Texto: João 13:1-20
1 Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
2 Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus,
3 sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus,
4 levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela.
5 Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?
7 Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.
8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
9 Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.
10 Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
11 Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos.
12 Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?
13 Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou.
14 Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.
15 Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
16 Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.
17 Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.
18 Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar.
19 Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU.
20 Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou.

Introdução: Eu quero conversar contigo nesta noite de celebração da Ceia do Senhor sobre a importância do “lavar os pés uns dos outros”.

Pessoalmente creio que há uma conexão deste ensinamento de Jesus com a Ceia que ele instituiu.

Na verdade a atitude de Jesus em lavar os pés de seus discípulos foi necessária não só para prepara-los para a Ceia, como também, ensiná-los que a essência do discipulado é o serviço e não o poder; pois havia entre eles contendas e disputas por posições.

Dias antes a mãe dos apóstolos Tiago e João fez o seguinte pedido a Jesus: “Prometa que, quando você se tornar rei, estes meus dois filhos se assentarão um à sua direita e o outro à sua esquerda. ...E ouvindo isso os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.” Mateus 20:21 e 24.

Diz a Palavra de Deus que Jesus chamou todos os doze apóstolos para junto de Si e lhes disse: “Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos.” Mateus 20:25-28.

Como o próprio Pedro não havia entendido o que o Senhor estava fazendo, assim muitas pessoas até hoje não entendem o verdadeiro significado e por isso acham que isso é um ritual que deve ser praticado literalmente.

Para entendermos o que Jesus estava fazendo precisamos observar o porquê e quando o lava pés era praticado na antiguidade.

O lava pés era uma pratica de hospitalidade, onde o anfitrião disponibilizava uma bacia com água e um empregado ou escravo para lavar os pés do visitante, que tinha os pés sujos da jornada. Por causa das sandálias abertas que eram usadas era comum os pés se impregnarem de pó e sujeira durante a viagem ou caminhada.

O ato de não oferecer uma bacia com água a uma visita era um sinal de péssima hospitalidade, inclusive mencionado pelo próprio Senhor em João 7.44.

Não existe uma ordem bíblica para que a igreja realize a cerimônia do lava-pés, embora possamos fazer isto, eventualmente, como ilustração prática da nossa mensagem.

Sabedores dos significados do lava pés, podemos aprender deste ato algumas lições:

1- COM O LAVAR DOS PÉS JESUS NOS ENSINA O
VALOR DO DESPOJAMENTO.
3 sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus,
4 levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela.
5 Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.


Tirou a vestimenta: Jesus se esvaziou de si mesmo e se dispôs a ser um servo. Ele nos ensina sobre a necessidade de despojar-se de tudo por amor ao próximo.

Tomando uma toalha cingiu-se com ela: Jesus põe o avental para servir.

 “Aquele que era de condição divina, humilhou-se a si mesmo” (Fl 2, 6-8).

Na verdade, o Senhor repete um gesto que era feito pelos escravos ou pelos empregados. Isso foi a causa de espanto de Pedro.

O despojamento leva o discípulo ao despojar-se de todo orgulho e apego às coisas materiais.

“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo”. Lc 14:33.

2- COM O LAVAR DOS PÉS JESUS NOS ENSINA
O VALOR DO ACOLHIMENTO.

Com o lavar dos pés de seus discípulos ele ameniza o cansaço e as dores  dos pés de seus discípulos.

“Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus”. Romanos 1:7

Por isso o acolhimento gera refrigério!

Quando Ele disse “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu fiz (e não o que eu fiz), façais vós também.” (Jo 13.15).

Ou seja, Ele sendo Deus se fez servo, sendo o maior se fez o menor para servir aos seus servos, essa é a primeira lição de Jesus, ser humilde a ponto de se despir de si mesmo em favor do próximo.

O amor entre os irmãos deve ser a marca principal deste acolhimento (Rom 12:10; 1 Pd 1:22). E este amor se traduz em cinco palavras chaves: convivência (Atos 2:44), perdão ( Coloss. 3:13), ajuda mútua (Gálatas 6:10, proteção (Ecl. 4:12) e aceitação (Rm 1:7).

Como discípulos de Cristo precisamos aprender que acolher o próximo é acolher o próprio Cristo. Jesus deseja ser acolhido e ir ao seu encontro por intermédio do enfermo, do pobre e dos mais sofridos e necessitados.

“Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mateus 25, 40).

Que tipo de discípulos somos? Aquele que acolhe ou repele?


3- COM OLAVAR DOS PÉS JESUS NOS ENSINA A NECESSIDADE
DE UMA PURIFICAÇÃO DIÁRIA – V. 6-11
6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?
7 Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.
8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
9 Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.
10 Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
11 Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos.


Pedro revela neste texto mais uma vez o seu temperamento ambíguo e contraditório. Num momento ele resiste à ideia de Jesus lhe lavar os pés; noutro momento quer ser banhado dos pés à cabeça.

Pedro revela neste texto que não entende o que Jesus está fazendo. Ele vê mas não compreende.

Seu coração estava certo, mas sua cabeça estava completamente errada. Pedro tem mais amor do que conhecimento, mais sentimento do que discernimento espiritual.

Pedro precisava entender o que era ser lavado por Cristo. Jesus não estava falando de uma lavagem física, mas espiritual.

Quem não for lavado, purificado, justificado e santificado por Cristo não tem parte com ele.

(1 Coríntios 6:11). “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.

Cristo precisa lavar-nos se nós vamos reinar com ele em sua glória.

Judas não estava limpo, ou seja, ele não tinha sido transformado, convertido.

Quando um pecador confia em Jesus é banhado completamente e seus pecados são perdoados, contudo, como andamos neste mundo acabamos nos sujando novamente e aí precisamos ser purificados.

Não precisam ser justificados de novo, mas de constante purificação.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos purificar e nos perdoar” (1 João 1:9)

Precisamos entender que os salvos precisam continuar ser purificados.

Precisamos ser lavados continuamente pelo sangue de Cristo. Precisamos ser purificados das nossas impurezas.

Precisamos ser lavados para entrarmos no banque da comunhão com Cristo.

CONCLUSÃO:

Finalmente, o que podemos concluir a respeito desta reflexão é que a humildade é uma virtude que deve acompanhar os discípulos de Jesus.

Essa mesma humildade não diz respeito ao discurso que a igreja professa ou mesmo ao status que carrega, e sim ao ideal de serviço demonstrado a um irmão para com o outro ou mesmo na busca pelos que estão perdidos.


Pr. Gilberto Oliveira Rehder
Igreja Metodista Catalão-GO

Nenhum comentário:

Postar um comentário